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Hélio Schwartsman

Derrota certa

SÃO PAULO - Os EUA deveriam ter pago um resgate para libertar James Foley, o jornalista brutalmente assassinado pelo Estado Islâmico? Esse é um dilema moral clássico, em que qualquer decisão que seja tomada produz resultados insatisfatórios.

Se governos acedem às exigências dos terroristas, podem salvar a vida do refém, algo que tem valor intrínseco e evita o desastre de relações públicas que é ter de lidar com uma execução exibida pela internet. O problema é que, ao fazê-lo, não só incentivam futuros sequestros como ajudam a financiar os grupos que estão empenhados em combater.

Um possível argumento para decidir a controvérsia em favor do pagamento seria dizer que a vida ameaçada é visceralmente real, enquanto os riscos da recusa são abstratos. Uma longa reportagem publicada em julho pelo "New York Times", porém, mostra que esses perigos são mais concretos do que se imagina. Estima-se que, desde 2008, organizações ligadas à rede Al Qaeda faturaram ao menos US$ 125 milhões com resgates. E os valores vêm subindo rapidamente. Desse total, US$ 66 milhões foram arrecadados em 2013.

E, para completar a profecia, os grupos terroristas parecem de fato ter desenvolvido preferência por sequestrar nacionais dos países que mais facilitam o pagamento dos resgates pelas famílias ou empresas, já que, oficialmente, nenhum assume que dá o dinheiro. Entre eles estão França, Espanha, Suíça, Canadá. Ao que tudo indica, apenas EUA e Reino Unido têm uma política um pouco mais consistente de jamais pagar.

Digo "um pouco" porque não pagar não significa não negociar. Há pouco, os EUA trocaram um soldado sequestrado pelo Taleban por cinco militantes presos em Guantánamo, algo que encerra mais ou menos as mesmas dúvidas morais do resgate.

De certo aqui é que esse é um jogo em que o dirigente nunca vence. Ou é um desalmado que permite a morte de inocentes ou ajuda terroristas.


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