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Opinião

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Custo elétrico

Termelétricas afastam, até agora, risco de racionamento, mas seu uso tem impacto no preço da energia e mostra fragilidades do sistema

A falta de chuvas deixou os reservatórios das usinas hidrelétricas em situação crítica, comparável àquela que levou ao apagão de 2001. Um novo episódio desse tipo, porém, é menos provável, pois desde então o país ampliou sua capacidade de geração termelétrica.

O problema maior, pelo menos até agora, não é o risco de racionamento, mas o encarecimento da conta de luz. A energia gerada pelas usinas térmicas -movidas a combustíveis como gás natural e óleo diesel, produtos escassos no Brasil e com preços em alta no mercado exterior- custa bem mais que a produzida nas hidrelétricas.

O aumento no custo de produção será inevitavelmente repassado ao consumidor, o que deve afetar a meta anunciada pelo governo federal de alcançar um desconto médio de 20% nas tarifas de energia a partir de fevereiro. Se a estiagem se prolongar, estima-se que cinco pontos percentuais da queda no preço sejam comprometidos.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a redução será mantida. É difícil discernir, no entanto, quem arcará com a alta no custo de produção. O impacto decorrente do uso das usinas térmicas já está em torno de R$ 1 bilhão.

Verdade que o acréscimo na conta é temporário, e o alívio contratado pelo governo é estrutural. Ainda assim, o custo proibitivo de manter as termelétricas operando na escala atual mostra que o sistema elétrico brasileiro tem fragilidades.

Para além do revés de curto prazo, o episódio reitera a falta de planejamento governamental, agravada neste caso pelas ligações da presidente Dilma Rousseff com o setor energético. Se o crescimento do PIB tivesse sido maior, a situação seria ainda mais grave.

Por importante que seja reduzir o custo da energia para favorecer a competitividade, não se pode buscar esse objetivo atropelando os atores envolvidos. A relação do governo se desgastou com as empresas e os Estados produtores.

Medidas atabalhoadas não contribuíram para melhorar o ambiente. Talvez pior, podem não ter garantido o melhor resultado em termos de queda dos preços da energia. Ao arbitrar o novo valor, o governo abriu mão da opção de deixar os contratos vencerem e fazer novas licitações competitivas.

O governo Dilma, sempre que pode, tem optado pelo curso intervencionista. Projetos de médio e longo prazo não andam: parques de geração eólica continuam parados por falta de linhas de transmissão, a cogeração a partir da biomassa da cana não avança.

O palavrório federal é inversamente proporcional à sua capacidade de mobilizar agentes privados para uma onda de investimentos, inclusive no setor energético.


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