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Rogério Gentile

Números torturados

SÃO PAULO - O governo de São Paulo brinca com os números da violência da mesma forma que um garoto que não sabe perder. Jamais erra um chute. Os outros é que não enxergam a bola entrar no gol.

A Secretaria da Segurança Pública divulgou uma série de dados na sua página na internet segundo os quais a violência arrefeceu no mês de janeiro: "Homicídios caem 21% em janeiro", "Capital tem redução de 37,17% nos homicídios dolosos" e assim vai, sempre de modo a enaltecer o sucesso obtido pela administração.

Tais dados foram replicados em dezenas de sites, rádios e em jornais do interior, o que contribui positivamente para a imagem do governador Alckmin, candidato à reeleição. Mas a história não é bem essa.

Ao contrário do que disse o governo, o número de assassinatos aumentou em janeiro, seguindo uma tendência de alta que se observa desde agosto. Houve 416 casos de homicídio no Estado, com 455 vítimas, contra 356 casos em janeiro de 2012, com 386 mortos. O mesmo ocorreu com outros 13 tipos de crime.

O problema é que, para obter os números favoráveis, a secretaria rasgou seu próprio manual de estatística. Em vez de comparar os dados de janeiro com os do mesmo mês de 2012, optou por cotejá-los com os de dezembro, o que é bem capcioso.

Nas páginas 5 e 6 de seu "Manual de Interpretação" de estatísticas, a secretaria diz que os índices criminais estão sujeitos à sazonalidade. "Existem diversas situações e fatores ligados ao calendário anual que explicam por que a criminalidade sobe ou desce, sistematicamente, em certos momentos", diz o texto, citando exemplos como férias escolares, estações do ano etc. A recomendação é que a comparação seja feita com base "em períodos equivalentes de tempo": 1º semestre com 1º semestre, janeiro com janeiro etc.

Não será com a calculadora na mão, torturando números, que o governo vai conseguir atenuar a violência em São Paulo.


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