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Paula Cesarino Costa

448 anos para preservar

RIO DE JANEIRO - Se a natureza deu ao Rio uma beleza rara e incomparável, foram os homens que criaram, em momentos de loucura ou de genialidade, algumas das principais riquezas desta cidade maravilhosa. O Jardim Botânico, a floresta da Tijuca, o aterro do Flamengo, os traçados de grandes avenidas e as favelas encarapitadas nos morros. Entre pistas e palmeiras, o parque do aterro é um espaço único de onde se vê a baía de Guanabara, a silhueta de Niterói, o Pão de Açúcar, o Outeiro da Glória, o Cristo.

Em seus 448 anos, que se completam amanhã, o Rio se transformou: morros colocados abaixo, áreas imensas aterradas, obras arquitetônicas erguidas e demolidas, árvores destruídas, pessoas removidas.

É difícil imaginar, hoje, que o morro de Santo Antonio virasse -por questões sanitárias, urbanísticas ou só por especulação- uma área plana e sua terra fosse usada para levar para longe o mar sem resistência.

Idealizado por Lota de Macedo Soares, que convenceu o governador Carlos Lacerda e reuniu o arquiteto Affonso Eduardo Reidy e o paisagista Roberto Burle Marx, o parque foi tombado pelo Iphan em 1965, antes mesmo de ser inaugurado -a pedido de Lota, que temia a "ganância" e a "leviandade dos poderes públicos".

Eike Batista tem plano para "revitalizar" a Marina da Glória. O Iphan aprovou seu anteprojeto, que prevê edificação de 15 m de altura. Diz que constava no projeto do parque, feito por Reidy, para abrigar um aquário.

O aterro é um precioso exemplo de harmonia, já quebrada pela construção de um teatro ao lado do MAM, um dos mais belos exemplares da arquitetura modernista. Usou-se o mesmo argumento de que existia no projeto original. Ao ser construído, o teatro distorceu volumes a um nível absurdo e provou como o original pode ser modernamente deturpado.Que o Rio receba, de presente de aniversário, a contenção da leviandade.


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