Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise - Dilma e o Congresso

Substituição de articuladores pode ser inócua

Problema na relação do Planalto com o Legislativo está mais ligado ao estilo centralizador da presidente Dilma

HÁ NO CONGRESSO A PERCEPÇÃO DE QUE AS REUNIÕES SEM DILMA SERÃO INFRUTÍFERAS. COMO ELA QUASE NUNCA PARTICIPA DOS ENCONTROS, AS COISAS NÃO ANDAM

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

A relação ruim que persiste entre o Palácio do Planalto e o Congresso não é decorrência apenas das pessoas escolhidas por Dilma Rousseff para fazer a interlocução política de seu governo. O problema está no estilo da presidente, que delega pouco e não deu até hoje poderes reais para seus representantes dentro do Legislativo.

No início de seu mandato, Dilma nomeou o deputado Luiz Sérgio, do PT fluminense, como seu articulador político, mas ele rapidamente foi apelidado de garçom, pois apenas anotava pedidos e levava a Dilma. Nada andava.

Luiz Sérgio foi substituído por Ideli Salvatti, uma petista de Santa Catarina. Em algumas missões, ela tem a ajuda direta de Gleisi Hoffmann, da Casa Civil. Mas o desempenho de ambas somado é quase igual ao de Luiz Sérgio.

Os contatos do Planalto com o Congresso funcionam de maneira simples. Há reuniões de deputados e de senadores com Ideli e Gleisi. As duas ouvem propostas de ajustes em projetos, anotam e nada decidem. Levam as ideias para Dilma, que em geral rejeita quase tudo.

Há dentro do Congresso a percepção de que as reuniões sem Dilma serão infrutíferas. Como a presidente quase nunca participa dos encontros, as coisas não andam. Projetos importantes que deveriam ser aprovados ficam empacados --até porque parlamentares sabem que essa é a única forma de pressionar que têm disponível.

Trocar Ideli e Gleisi por outros políticos pode ser apenas um gasto de energia inútil se Dilma não alterar a forma de conduzir as negociações políticas no dia a dia.

Há também um outro fator que torna essa relação política do Planalto com o Congresso um pouco mais complexa. O PT está com um grupo cada vez mais insatisfeito com a condução que Dilma dá ao governo. Deputados e senadores petistas consideram-se pouco prestigiados e resmungam pelos cantos.

Criou-se já há algum tempo uma espécie de dualidade de poder. Petistas sabem que para chegar a Dilma têm de primeiro buscar apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por causa da bipartição no comando no PT, a sigla que deveria funcionar como principal esteio do governo no Congresso acaba sendo também ambígua em momentos decisivos.

Nesse vácuo de articulação política, pessoas com mais antiguidade no PT acabam se fortalecendo por decantação.

É o caso do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que tem sido procurado na Esplanada para resolver demandas políticas em várias áreas de fora de sua pasta.

No Congresso, já está sendo chamado pelos corredores de "o Dilmo' da Dilma".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página