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Cantor afirma que mereceu tortura durante a ditadura

Em programa na televisão, Amado Batista diz que estava errado e compara torturadores à 'mãe que corrige o filho'

Músico relata que apanhou e levou choques por 'acobertar pessoas que queriam tomar o país à força'

DE SÃO PAULO

Em entrevista ao programa "De Frente com Gabi", do SBT, que foi ao ar na madrugada de ontem, o cantor Amado Batista disse não se sentir vítima do Estado por ter sido torturado durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

Batista, 62, contou à jornalista Marília Gabriela que, antes de se tornar músico profissional, quando tinha por volta de 18 anos, trabalhava numa livraria. Ali, facilitou o acesso de intelectuais a livros considerados subversivos.

O artista, que morava em Goiânia, disse também ter aceitado enviar somas de dinheiro a um professor universitário do Maranhão que mais tarde descobriu estar envolvido em ações clandestinas de grupos esquerdistas.

Segundo o cantor, quando os militares investigaram seus clientes na livraria, acabaram chegando até ele. Batista ficou preso por dois meses: "Me bateram muito. Me deram choques elétricos".

"Um dia me soltaram, todo machucado. Fiquei tão atordoado. Queria largar tudo e virar andarilho."

Questionado sobre se teria vontade de confrontar seus torturadores, o cantor foi enfático ao recusar a ideia.

"Fiz coisas erradas, eles me corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho. Acho que eu estava errado por estar contra o governo e ter acobertado pessoas que queriam tomar o país à força. Fui torturado, mas mereci."

Para o músico, a repressão foi um instrumento necessário naquele contexto, para evitar que "o Brasil virasse uma [espécie de] Cuba".

O músico revelou ter sido procurado pela Comissão da Verdade, que investiga violações de direitos humanos praticados durante o regime militar, e que hoje recebe uma indenização do governo. "Tenho um salário de cerca de R$ 1.000, há algum tempo, mas acho desnecessário."


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