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O Papa no Brasil

Diálogo é saída para protestos, diz papa

Durante discurso no Theatro Municipal, Francisco afirma que política é uma das formas mais altas de caridade

Pontífice também faz defesa de um Estado laico, mas que valorize a presença do fator religioso na sociedade

FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Em discurso à sociedade civil, o papa Francisco afirmou ontem que a reabilitação da política "é uma das formas mais altas de caridade" e defendeu o diálogo como saída para a "indiferença egoísta e o protesto violento".

"O futuro exige hoje reabilitar a política, uma das formas mais altas de caridade", disse Francisco, de improviso, diante de um Theatro Municipal lotado.

Em alusão aos protestos, o líder católico disse que uma democracia precisa da "vigorosa contribuição das energias morais" para evitar a "pura lógica da representação dos interesses constituídos".

"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade", afirmou. Foi a primeira vez, desde que chegou ao Brasil, que o papa usou a palavra "protesto".

O pontífice também defendeu um Estado laico: "Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade".

Presente à cerimônia, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) minimizou as falhas na organização do evento. Para ele, a única falha grave foi a pane de duas horas no metrô.

Também estavam na plateia o empresário Olavo Monteiro de Carvalho, o poeta Ferreira Gullar, os produtores de cinema Luiz Carlos Barreto e Lucy Barreto e o ministro Moreira Franco (Secretaria de Aviação Civil).

O pontífice também falou sobre "responsabilidade" social" e citou um trecho do profeta Amós para criticar a corrupção: "Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível", citou o papa. "Os gritos por justiça continuam ainda hoje", concluiu.

No final do discurso, Francisco afirmou que, quando os líderes pedem um conselho, a sua resposta é a mesma: "diálogo, diálogo, diálogo". E voltou a propor a "cultura do encontro", tema que discute desde quando era arcebispo em Buenos Aires.

Antes, Francisco ouviu o discurso do professor de história Walmyr da Silva Júnior, 28, morador da favela Marcílio Dias. Com voz embargada, contou que era órfão e que se envolveu com drogas antes de começar a trabalhar como voluntário paroquial e depois ingressar na faculdade.

Ao final do discurso, às lágrimas, deu um longo abraço no pontífice.

O evento, chamado em Jornadas anteriores de encontro com a classe dirigente, teve o nome alterado nesta edição para encontro com dirigentes da sociedade civil --a mudança foi feita após a eleição de Francisco como novo papa.


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