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Análise
Como anti-Dilma, desafio de Marina é anular o 'fator Lula'
Ex-senadora lidera entre os eleitores com mais estudo e renda, mas perde apoio quando o rival é o ex-presidente
Ex-senadora tem bom desempenho no estrato do eleitorado que considera gestão petista ruim ou péssima
A recuperação de popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) reflete-se também sobre o cenário eleitoral de 2014.
Nas situações que permitem comparação com pesquisas anteriores, percebe-se que a petista teve ligeira melhora nas taxas de intenções de voto.
Apesar de seu desempenho ficar muito aquém de suas melhores marcas obtidas para o primeiro turno, Dilma lidera em todos os cenários com diferenças que variam de 8 a 11 pontos percentuais para o segundo colocado na disputa.
Nas simulações de segundo turno, ela seria reeleita com certa tranquilidade em quase todas as hipóteses apresentadas pelo Datafolha aos entrevistados.
Há, entretanto, uma exceção. Passado o calor do simbolismo apartidário de Joaquim Barbosa, o saldo das manifestações puxadas pela internet por jovens escolarizados das regiões metropolitanas traz à cena, com força, o nome de Marina Silva.
Com a recente exposição negativa do PSDB em razão de denúncias de corrupção e com o conhecimento baixo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Marina passa a liderar as intenções de voto para presidente em 2014 entre os que têm nível superior de escolaridade e renda familiar acima de dez salários mínimos.
Além disso, em um possível confronto no segundo turno, a candidata bate a presidente também entre os moradores do Sudeste e entre os que têm de 16 a 24 anos.
A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente tem potencial para se transformar na candidata anti-Dilma.
A prova está em seu forte desempenho eleitoral entre os eleitores que compõem um dos segmentos que mais cresceram na população brasileira nos últimos cinco meses --o dos que classificam a gestão petista como ruim ou péssima.
Nenhum outro candidato de oposição consegue tão significativos índices de intenção de voto nesse estrato do eleitorado.
É uma parcela localizada especialmente nas grandes cidades do país, principalmente nas capitais.
Por enquanto, percebe-se por meio dos cruzamentos dos diferentes cenários, que há uma variável importante que impede a conversão desse potencial de Marina em apoio mais expressivo --o fator Lula.
Quando o ex-presidente está na disputa, Marina perde mais de 30% do seu eleitorado.
Mesmo entre os que reprovam Dilma, Lula consegue até 42% das intenções de voto em simulação de segundo turno contra Eduardo Campos e 36% contra a própria Marina.
Anular essa influência do ex-presidente petista será o maior desafio da fundadora da Rede Sustentabilidade daqui em diante.