Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Procurador limpa gavetas na reta final do mandato

Inquéritos contra parlamentares que estavam parados são enviados ao STF

Levantamento expõe lentidão do Ministério Público, que leva anos para dar andamento a casos sobre políticos

FREDERICO VASCONCELOS DE SÃO PAULO

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que encerra seu segundo mandato na próxima quinta-feira, fez uma limpeza nas suas gavetas nas últimas semanas.

Levantamento feito pela Folha aponta 13 inquéritos criminais contra parlamentares cujos autos foram devolvidos recentemente ao Supremo Tribunal Federal, propondo a continuidade da investigação, pedindo arquivamento ou oferecendo denúncia.

A amostragem sugere o cuidado de não deixar acervo volumoso para o sucessor. Mas a demora ao encaminhar alguns casos expõe a lentidão do Ministério Público na condução das investigações.

Um inquérito contra a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), suspeita de peculato, foi protocolado há nove anos. Houve sucessivas ampliações de prazo, autorizadas pelo MPF, para a Polícia Federal realizar diligências. O inquérito aguardava manifestação da procuradoria desde setembro de 2010.

É da mesma época investigação contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR), por suposto crime de responsabilidade. O STF enviou os autos para manifestação do Ministério Público em março de 2012.

Esses dois casos, com outros seis inquéritos, foram enviados ao STF no mesmo dia: 24 de julho passado.

Na semana passada, o procurador-geral pediu o arquivamento de inquérito contra o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), acusado de crime eleitoral e calúnia. O inquérito estava na Procuradoria desde setembro de 2011.

A recente denúncia contra o senador Gim Argello (PTB-DF), por suposto crime contra a lei de licitações, levou quase dois anos para ser oferecida.

Desde 2012, a procuradora regional da República Raquel Branquinho ajuda a subprocuradora-geral Cláudia Sampaio, mulher de Gurgel, a reduzir o acervo do gabinete do procurador-geral.

As ações penais costumam ser divididas entre Gurgel e sua mulher, cuja experiência nessa área é reconhecida.

O julgamento do mensalão pode ter represado as ações. Mas os candidatos à sucessão de Gurgel apontam problemas de gestão e a concentração dos processos, que não são distribuídos a outros subprocuradores-gerais.

"Foi um erro administrativo e estratégico concentrar tantos processos criminais com a subprocuradora-geral, ou até mesmo com ele próprio", diz a procuradora aposentada Ana Lúcia Amaral. "A desova' dos últimos dias de mandato está afetando a imagem da instituição", diz.

Ana Lúcia atuou numa ação penal contra um juiz federal em São Paulo e elogia o desempenho de Cláudia Sampaio no caso, no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

"Casal é monarquia, jamais república. Cláudia é digna de todo louvor funcional. Contudo, jamais poderia atuar como delegada' do marido", afirma o procurador da República Celso Três.

A procuradora regional da República Luiza Cristina Frischeisen, de São Paulo, diz que o problema central é de planejamento e gestão. Ela prevê mudanças, seja quem for o escolhido para o cargo.

Rodrigo Janot, o mais votado pelos membros do Ministério Público, sugeriu criar um "cartório" no gabinete do futuro procurador-geral, para organizar e controlar a entrada e a saída de processos, em ordem cronológica.

"As propostas de todos nós são de reestruturar um projeto estratégico", diz a subprocuradora-geral Ela Wiecko, a segunda da lista. "Minha ideia é ter uma equipe de procuradores trabalhando nesse acervo", diz Deborah Duprat, a terceira.

Procurada, a Procuradoria não se manifestou.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página