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Rio bancou dias livres de Cabral na Europa
Estado pagou diárias para governador em Bruxelas e Londres em 2008, embora agenda não tivesse compromissos oficiais
Valores são repassados antes de viagens com base em estimativa de gastos; governo não fez prestação de contas
O Estado do Rio bancou quatro dias livres do governador Sérgio Cabral (PMDB) em Bruxelas e Londres, em 2008. Sem qualquer compromisso oficial, ele recebeu verbas públicas a título de diárias para visitar as cidades.
A viagem à capital belga, nunca divulgada, antecedeu missão oficial a Paris. As informações constam de despachos diplomáticos das embaixadas desses locais.
A reportagem cruzou as informações dos diplomatas com documentos do governo estadual, que aprovou as diárias de Cabral.
Em fevereiro, a Folha revelou que o governo havia omitido 35 dias que Cabral tinha passado em viagens no exterior. Em três casos, haviam sido aprovadas mais diárias do que o período de encontros oficiais divulgados.
Os documentos diplomáticos confirmam em dois casos que Cabral de fato não teve compromissos oficiais nessas datas a mais.
De 19 a 21 de maio de 2008, Cabral cumpriu missão oficial em Paris com extensa agenda na capital francesa.
O governador, no entanto, chegou à Europa no dia 16. Foi direto para Bruxelas, acompanhado da primeira-dama, Adriana Ancelmo.
Ele só desembarcaria em Paris no dia 18, às 17h46, segundo programa enviado pela Subsecretaria de Relações Internacionais à Embaixada do Brasil em Paris.
Pelos dois dias em Bruxelas, cumprindo "programa privado", Cabral recebeu R$ 1.525,40. A visita à capital belga nunca foi divulgada pelo governo nem descrita na lista de viagens oficiais do peemedebista.
Na capital inglesa, a missão do governador começou em 1º de setembro. Cabral desembarcou no dia 29 de agosto, para "instalação no hotel Claridges", um cinco estrelas.
Segundo o programa enviado à Embaixada de Londres pela subsecretaria, os dias 30 e 31 de agosto seriam "livres". Pelo período, Cabral recebeu R$ 1.782.
As diárias são pagas pelo Estado para cobrir as despesas com hospedagem, transporte urbano e alimentação dos funcionários públicos em viagem oficial.
O valor é repassado antes da viagem com base em estimativa de gasto. Apesar de lei estadual exigir a prestação de contas, o governo não tem cumprido a regra.