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Cai suspeito de vazar dados do Metrô

Engenheiro que repassou informações a consultor investigado pela Polícia Federal se demite do governo Alckmin

Funcionário público tinha empresa junto com o filho, que prestou serviços para os metrôs de Fortaleza e Salvador

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO MARIO CESAR CARVALHO FLÁVIO FERREIRA DE SÃO PAULO

O engenheiro Pedro Benvenuto pediu ontem demissão do cargo de secretário-executivo do Conselho Gestor do Programa de PPPs (Parceria Público-Privadas) do governo de São Paulo, dois dias após a Folha ter revelado que havia suspeitas de que ele repassara dados do Metrô a uma empresa de consultoria.

A empresa pertence a Jorge Fagali Neto, investigado pela Polícia Federal desde 2008 sob a suspeita de ter intermediado o pagamento de propina da multinacional francesa Alstom a políticos.

"Estou me afastando para permitir que o caso seja esclarecido e possa, ao final, ficar provado que não tenho nenhuma culpa em relação ao que foi lançado de dúvida sobre minha atuação", afirmou Benvenuto em nota.

O acesso de Fagali Neto aos dados do Metrô e da CPTM foi indicado por Edna Flores, ex-secretária do consultor. E-mails do ano de 2006 entregues por ela ao Ministério Público e à Polícia Federal mostraram que Benvenuto enviou informações sobre investimentos do Metrô antes de eles se tornarem públicos.

Edna afirmou à Folha que Benvenuto frequentou o escritório de Fagali Neto no período em que ela trabalhou para o consultor, de 2006 a 2009, quando Benvenuto trabalhava na Secretaria dos Transportes Metropolitanos.

A secretaria disse que as informações eram públicas, mas não conseguiu mostrar à Folha em que documentos elas estavam.

Benvenuto pediu demissão após a Folha questioná-lo sobre outra consultoria, a Projob, em que é sócio do filho. A Projob prestou serviços aos metrôs de Fortaleza e Salvador, contratada pelo Banco Mundial. O estatuto do funcionalismo proíbe servidores de atuar como administrador de empresas privadas. Servidor só pode ser sócio cotista, sem atuação direta.

Benvenuto disse em nota à Folha que é "plenamente legal" ter a empresa "desde que nela atue em horários não conflitantes com sua atividade pública e que não haja conflito de interesses".

O engenheiro é funcionário de carreira do Metrô e estava cedido à Secretaria do Planejamento, onde funciona o comitê gestor das PPPs.

Ele recebe R$ 1.040 pelo cargo de coordenador na secretaria do Planejamento e R$ 6.177 por integrar o conselho de administração da Companhia Paulista de Parcerias.

O Portal da Transparência do governo não menciona o salário dele no Metrô. A companhia não quis informar a a faixa salarial do engenheiro.

Benvenuto administrava contratos no valor de R$ 13 bilhões, como a PPP da linha 4 do Metrô, e projetos de R$ 45 bilhões. Seu filho trabalhou em empresas que têm parcerias com o governo.

Ele disse que pediu demissão por causa da menção feita pela Folha ao filho, Lucas Benvenuto, que classificou de "baixeza": "Não aceito ilações a meu respeito e muito menos em relação a meu filho". A Folha procurou Lucas na empresa em que ele trabalha, sem sucesso.


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