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Sob tensão étnica, município do AM cancela Ano-Novo

Indígenas deixaram de frequentar centro de Humaitá, onde são acusados pelo desaparecimento de 3 pessoas

Cerca de 300 policiais federais e soldados do Exército fazem policiamento ostensivo e buscas pela região

FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A HUMAITÁ (AM)

Com medo da repetição dos violentos episódios do Natal, quando uma turba incendiou veículos e edificações da Funai (Fundação Nacional do Índio), a Prefeitura de Humaitá, no sul do Amazonas, proibiu ontem a realização de festas de Ano-Novo em ambientes abertos.

Em meio a uma forte tensão étnica na região, a medida foi tomada a pedido da força tarefa do governo federal enviada à região.

A avaliação é de que persiste o risco de violência, apesar do reforço de aproximadamente 300 homens, incluindo policiais federais e soldados do Exército.

"Hoje, se um índio vier à cidade, vai morrer", diz o advogado Carlos Terrinha, representante local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ex-vereador e feroz crítico do comportamento dos índios da região.

O policiamento nas ruas do município de 49 mil habitantes é ostensivo. Mesmo assim, segundo o bispo de Humaitá, Francisco Merkel, os poucos índios que permanecem na cidade não saem às ruas por medo de serem atacados.

O confronto envolve moradores da cidade e índios da etnia tenharim.

Segundo o bispo Merkel, na região há 13 anos, a convivência vem se deteriorando desde 2006, quando os tenharim instalaram um pedágio num trecho da rodovia Transamazônica que atravessa sua reserva.

DESAPARECIMENTO

A crise atual teve início no começo de dezembro, quando o cacique Ivan Tenharim foi encontrado morto ao lado de sua moto.

Os indígenas afirmam que o cacique foi assassinado, mas a polícia suspeita que tenha sido um acidente. O resultado da autópsia, realizado em Porto Velho (RO), capital mais próxima de Humaitá, ainda não foi divulgado.

Duas semanas depois da morte do cacique, no último dia 16, três homens desapareceram quando viajavam pelo trecho da Transamazônica que atravessa a reserva indígena Tenharim Marmelos, distante cerca de 150 km da área urbana de Humaitá.

Familiares dos desaparecidos e moradores da região acusam os indígenas de terem matado os três em retaliação à morte do cacique.

Na versão que corre de boca em boca em Humaitá, os três homens foram assassinados porque um pajé teria orientado os tenharim a parar um carro preto que lhe teria aparecido em sonho.

Ontem, policiais federais prosseguiam as buscas por Aldeney Salvador (funcionário da Eletrobras), Luciano Ferreira (representante comercial) e Stef de Souza (professor em Apuí).


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