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Executivo ligado à Alstom diz que conselheiro do TCE recebeu propina

Depoimento a autoridades suíças compromete tucano que ocupa vaga no Tribunal de Contas

Robson Marinho recebeu US$ 1 milhão em conta na Suíça; para advogado, acusação não tem sentido

FLÁVIO FERREIRA MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

Um executivo ligado à cúpula da Alstom na França disse que a multinacional pagou propina para Robson Marinho, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e ex-chefe da Casa Civil no governo de Mário Covas (PSDB), entre 1995 e 1997.

É a primeira vez que um integrante da cúpula da empresa cita o nome de Marinho como beneficiário de suborno.

O nome do conselheiro foi citado em depoimento às autoridades suíças, segundo documento de cooperação internacional enviado ao Ministério Público em maio de 2010 e que faz parte do processo sobre a Alstom no Brasil.

"Compreendi que se tratava de um certo sr. Robson Marinho. Ele era membro do Tribunal de Contas do Estado federal [sic] de São Paulo. Essa é a instância que fiscaliza as companhias estaduais. Agora não sei se apenas essa pessoa recebeu dinheiro ou se o sr. Marinho o distribuiu ou não", disse Michel Cabane, ex-diretor da Cogelec, subsidiária da Alstom e da Cegelec.

A Cogelec produzia justamente os equipamentos que seriam vendidos à Eletropaulo e EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) em 1998: subestações de energia elétrica.

A Alstom pagou R$ 23,3 milhões de suborno para conseguir um contrato de R$ 181,3 milhões, tudo em valores atualizados, segundo acusação do Ministério Público.

Os pagamentos foram feitos entre 1998 e 2003, quando o Estado era governado por Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

O executivo disse à Justiça suíça que soube do nome de Marinho em conversas com Jonio Foigel, ex-presidente da Cegelec no Brasil, e André Botto, ex-diretor comercial da Alstom na França. Os três executivos tiveram participação na venda das subestações para a Eletropaulo.

Como a Folha informou em janeiro, Botto disse à Justiça francesa que a Alstom havia pago uma propina equivalente a 15% do valor do contrato com a Eletropaulo: "Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato."

ASSINATURA EM BANCO

Marinho está com conta bloqueada na Suíça, por suspeitas de que recebeu propina da Alstom.

Entre os documentos que constam do processo brasileiro está o cartão de abertura da conta no banco Credit Lyonnais Suisse, com assinatura cuja autoria é atribuída a Marinho, revelado ontem pelo "O Estado de S. Paulo".

A conta foi aberta em 13 de maio de 1998, menos de um mês após a assinatura do contrato da Eletropaulo e da EPTE com a Alstom que teria originado o pagamento de propina, de 18 de abril.

Essa conta recebeu US$ 1,1 milhão (R$ 2,6 milhões hoje), de acordo com a quebra de sigilo feita na Suíça e citada pelo Ministério Público Federal.

Marinho é investigado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) porque tem foro privilegiado por ser conselheiro do Tribunal de Contas.

OUTRO LADO

O advogado de Marinho, Celso Vilardi, diz que essas conversas se referem a 1998, quando foi assinado o contrato, e nessa época Marinho não havia julgado nenhum processo da Alstom.

"Não faria sentido nenhum suborno porque não havia processos pendentes", afirma Vilardi.

A Alstom não quis comentar a declaração de Cabane à Justiça da Suíça.

Em nota genérica, a empresa diz que essas acusações são anteriores ao ano 2000 e que atualmente segue um rigoroso código de ética.

De acordo com a Alstom, o programa de conformidade da companhia "foi certificado pela Ethic Intelligence, uma agência independente, e classificado como atingindo aos mais altos padrões internacionais'".

Procurado pela Folha, o advogado de Foigel não foi localizado.


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