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Dilma cogitou rever aliança antes de negociar com PMDB

Depois de dizer que não aceitaria 'chantagem', presidente cedeu a aliados

Vice Michel Temer é escalado pelo Planalto como interlocutor do governo com o líder da bancada insatisfeita

VALDO CRUZ RANIER BRAGON DE BRASÍLIA

A crise entre o Palácio do Planalto e o PMDB, maior aliado do governo no Congresso, levou a presidente Dilma Rousseff a questionar na última semana a validade dessa relação.

Num desabafo dias antes de amargar duas derrotas na Câmara puxadas pelos peemedebistas, a presidente comentou com um grupo de assessores e aliados: "Prefiro perder a eleição a ter que me sujeitar a este tipo de chantagem", referindo-se às articulações do líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ), contra o governo.

O desabafo da presidente foi feito depois de ouvir de aliados e assessores que uma piora da crise com sua base de apoio no Congresso poderia explodir a aliança com o PMDB e pôr em risco sua reeleição à Presidência.

O partido é vital para garantir à presidente mais tempo de propaganda eleitoral na TV durante a campanha. O partido acrescenta à candidatura de Dilma aproximadamente 2min20s em cada bloco de 25 minutos.

"Ou eu enfrento agora [esse tipo de chantagem] e terei quatro anos melhores pela frente, ou então não vale a pena ficar neste tipo de aliança", afirmou Dilma, segundo relato de três interlocutores da presidente.

A aliança ainda não explodiu, mas os governistas insatisfeitos com o tratamento recebido da presidente impuseram derrotas importantes ao Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados, com convocação e convite de dez ministros e a criação de comissão para acompanhar investigações sobre suspeitas de pagamento de propina a funcionários da Petrobras.

As derrotas da semana passada levaram a presidente a dar ouvidos aos conselhos de assessores sobre a estratégia para realmente isolar Eduardo Cunha: negociar, fortalecer outras alas do PMDB e restabelecer a relação com os demais aliados no Congresso.

Daí partiu sua decisão de acelerar a reforma ministerial e fazer acenos na direção da cúpula peemedebista ao nomear Neri Geller para o Ministério da Agricultura, nome que agrada aos deputados do partido, e Vinicius Lages para o Turismo, fechando com uma indicação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A presidente fez, claramente, uma opção em fortalecer o grupo peemedebista do Senado, que tem se alinhado com o Palácio do Planalto.

O placar de ministérios dentro do PMDB foi invertido. Agora é o Senado que tem três ministérios (Minas e Energia, Previdência e Turismo), enquanto a Câmara ficou com dois (Agricultura e Secretaria de Aviação Civil).

Dentro do governo, a avaliação é que foi um erro a presidente transformar em questão pessoal isolar o líder do PMDB na Câmara. "O enfrentamento tinha de ser assumido por um ministro, nunca pela presidente, o que acabou aumentando o poder do líder peemedebista", diz um auxiliar de Dilma.

Ela segue, porém, disposta a tentar tirar poder de Eduardo Cunha, nome que tem até evitado pronunciar. "Vocês sabem que meu problema na Câmara tem nome e sobrenome", costuma dizer a assessores.

Após as derrotas na Câmara, porém, e sob ameaça de perder novamente na votação do Marco Civil da Internet, o governo decidiu receber Cunha em uma reunião amanhã. Pelo menos dois ministros estarão no encontro.

A intenção do Planalto é tentar ganhar tempo para esvaziar o "blocão" de insatisfeitos. Dilma decidiu escalar seu vice, Michel Temer, como interlocutor do governo com o líder peemedebista.


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