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A senadores, caseiro nega ter ajudado a matar militar

Suspeito dá nova versão que contradiz depoimentos obtidos pela Polícia

Paulo Malhães, que confessou crimes na ditadura, foi encontrado morto no dia 25 em Nova Iguaçu

LUCAS VETTORAZZO OSNI ALVES DO RIO

O caseiro Rogério Pires, 27, preso por suspeita de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães, negou ontem a três senadores da Comissão de Direitos Humanos ter participado do crime, ocorrido no último dia 25 de abril.

A declaração, que contradiz os depoimentos obtidos pela Polícia Civil, foi relatada pelos senadores Ana Rita (PT-ES), João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e pelo presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous. Eles visitaram Pires ontem, na cela da Delegacia Antissequestro, no Leblon, no Rio.

Malhães foi encontrado morto num dos cômodos de seu sítio, em Nova Iguaçu (RJ). A mulher do militar e o próprio caseiro foram amarrados em quartos distintos.

Dinheiro, computadores, joias e armas foram roubados. A polícia investiga a participação de mais três pessoas no caso --dois irmãos do caseiro e uma terceira pessoa que estaria encapuzada e ainda não foi identificada.

O militar havia prestado, um mês antes, depoimento à Comissão da Verdade no qual reconhecia ter participado de torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura militar (1964-1985).

Segundo os senadores, o caseiro, que teve prisão temporária decretada no último dia 29, não possui advogado e nem está sendo representado pela Defensoria Pública do Rio. A prisão temporária tem prazo de 30 dias.

Aos parlamentares, Pires contou que é analfabeto, o que aumentaria sua necessidade de auxílio jurídico.

A mulher do caseiro, Marcilene dos Santos, 21, disse à Folha que não consegue contato com o marido desde que ele foi preso. "Fiquei sabendo da prisão pela TV, e a última vez em que falei com Rogério foi quando a polícia esteve em nossa casa para levá-lo a depor. Até então ele era apenas testemunha e à noite disseram que havia participado do crime", disse ela.

IRMÃOS SUMIRAM

O delegado Pedro Medina, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, disse que Pires foi autorizado a telefonar para a família depois de ser preso no dia 29.

"Tanto ele falou com a família que os dois irmãos dele que são suspeitos desapareceram, sumiram do mapa", afirmou o delegado.

Os senadores estiveram no Rio para verificar em que condições se encontra o caseiro, único suspeito do caso preso até agora.

Damous disse não estar convencido da tese de latrocínio (roubo seguido de morte) levantada pela polícia e afirmou que a visita tem como objetivo, entre outras coisas, garantir a segurança do suspeito, já que acredita na possibilidade de o caso ter sido uma "queima de arquivo".

Após a visita ao preso, os senadores foram à sede da chefia de Polícia Civil para esclarecer a divergência das versões. Na saída, o delegado Medina afirmou que o suspeito assumiu ter participado da ação em três depoimentos.

O subcoordenador do Nuspen (Núcleo do Sistema Penitenciário) da Defensoria Pública do Rio, Leonardo Meriguetti, disse que na fase de inquérito não é obrigatória a presença de um advogado ou defensor.

A viúva de Malhães, Cristina Batista Malhães, disse à Folha que suspeita que o roubo de armas tenha sido a motivação do crime, mas não quis detalhar quantas e quais armas o marido possuía.


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