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Senado instala hoje CPI sobre Petrobras
Comissão formada apenas por senadores tem chancela do Planalto, mas sofre boicote de partidos da oposição
DEM e PSDB criticam comissão exclusiva no Senado e querem criar CPI mista em até duas semanas
Sem o apoio da oposição, o Senado instala hoje a CPI da Petrobras, criada para investigar irregularidades na estatal. A comissão de inquérito tem a chancela do Palácio do Planalto, contrário à CPI mista (com deputados e senadores) para apurar denúncias na Petrobras.
A primeira reunião da CPI, marcada para hoje, foi convocada pelo senador João Alberto Souza (PMDB-MA), 78, o mais idoso entre os membros da comissão de inquérito. Nela serão escolhidos o presidente e o relator da CPI.
A instalação da comissão no Senado foi articulada pelo governo para esvaziar a comissão mista, defendida pela oposição e que só deve começar a atuar em duas semanas.
O Palácio do Planalto apoia a comissão de inquérito exclusiva com senadores porque terá maior controle sobre as investigações. Dos 13 integrantes da CPI, 10 são de partidos aliados do governo, e três, da oposição.
Na CPI mista, DEM e PSDB terão 7 das 32 cadeiras, com mais tempo disponível para discursos de deputados e senadores da oposição.
DEM e PSDB boicotam a comissão do Senado e não indicaram parlamentares para ocupar nenhuma das três vagas reservadas aos oposicionistas. Sem as indicações, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), escolheu três senadores da oposição --dois deles se recusaram a assumir as vagas.
Renan indicou os senadores Cyro Miranda (PSDB-GO), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Wilder Morais (DEM-GO) para a CPI do Senado, mas só Miranda ainda não formalizou a desistência da indicação. O presidente do Senado disse que vai procurar substitutos, mas a comissão corre o risco de iniciar os trabalhos sem nenhum membro da oposição.
"Meu partido não vai gastar energia nenhuma na CPI do Senado. A CPI que se impõe para investigar as denúncias sobre a Petrobras precisa trabalhar sob o combustível da isenção", disse o senador José Agripino Maia (RN), presidente do DEM.
O prazo para as indicações dos membros da CPI mista termina na semana que vem. Até agora, PT, Pros e o PMDB do Senado não indicaram os nomes dos deputados e senadores. Se os governistas mantiverem a disposição de não indicá-los, Renan terá que fazê-lo na semana que vem.
O presidente do Senado negou que esteja agindo em ação orquestrada pelo Palácio do Planalto, embora, na prática, sua decisão de indicar os membros da CPI do Senado beneficie o governo.
Líderes governistas elogiaram a decisão de Renan e acusaram a oposição de não ter interesse em investigar a Petrobras. O senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado, afirmou que Renan "cumpriu seu dever" de fazer as indicações com "transparência, verdade" e promovendo uma "investigação republicana".
Para a oposição, a instalação de duas CPIs para investigar as mesmas denúncias mostra que o governo não está disposto a apurar irregularidades na Petrobras. "Não tem sentido termos no mesmo Congresso Nacional duas CPIs: uma do Senado, outra mista. Isso nos cobriria de ridículo", protestou o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP).