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A Copa como ela é
O gigante, 1 ano depois
Cartazes exibidos nas manifestações de junho de 2013 ajudam a entender as transformações motivadas pelas "ruas" no país e nos próprios protestos
A imagem que ilustra esta página foi usada pelo jornal americano "The New York Times", em sua versão digital, para ajudar o leitor a entender o que se passava no Brasil em junho de 2013.
Reproduzida em escala mundial, registra um protesto no centro do Recife, no dia 20 daquele mês, logo após o anúncio da redução da tarifa de ônibus em São Paulo e em outras capitais --principal "vitória das ruas" durante as manifestações.
O mosaico de cartazes revela uma mudança importante no perfil dos protestos. Àquela altura, não "era pelos 20 centavos", como se passou a dizer. Uma infinidade de pautas de naturezas diversas, expressas nas frases exibidas naquela tarde na capital pernambucana, arrastou milhões aos atos, mas também contribuiu para dispersá-los, na visão de analistas.
A partir da imagem também é possível analisar o impacto das marchas, a reação do poder público e o comportamento das manifestações atuais. Veja um resumo dessas transformações, um ano depois.
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'POR UM PAÍS SEM CORRUPÇÃO'
O clamor das ruas não impediu que o noticiário continuasse recheado de lá para cá. No período, surgiram ao menos dois grandes escândalos, que causam embaraços aos principais partidos do país, PT (fraudes na Petrobras) e PSDB (cartel nas obras do metrô de São Paulo). Neste ano, há ainda uma eleição pela frente
'QUERO MAIS SAÚDE, MAIS ATENÇÃO BÁSICA'
Todo o país quer, indicam as pesquisas. E foi na saúde que Dilma Rousseff apresentou sua principal "resposta" às ruas: o programa Mais Médicos, que distribuiu cerca de 13 mil médicos pelo país, sendo 11 mil cubanos. Seus detratores dizem que a relação de trabalho com os cubanos, que recebem menos de 1/3 dos demais contratados, é de semi-escravidão
'PASSE LIVRE JÁ'
Apesar da redução em série dos aumentos das tarifas de ônibus, a reivindicação do passe livre continua nos mais longínquos sonhos estudantis. Se adotado, quebraria centenas de prefeituras, dizem economistas. Só em São Paulo, o impacto anual seria de quase R$ 5 bilhões, mais de 10% do orçamento da prefeitura
'PRISÃO DE TODOS OS CONDENADOS DO MENSALÃO JÁ!!!'
O país foi apresentado a toda a sorte de "embargos" (recursos), mas o fato é que, quase uma década depois, 24 réus foram condenados e 13, absolvidos. Hoje, neste momento, 18 estão presos, entre eles o ex-ministro José Dirceu (PT), o homem mais poderoso do primeiro governo Lula
'O GIGANTE ACORDOU'
E adormeceu de novo. Fora alguns grupos de grevistas, que aproveitam a Copa do Mundo para chamar a atenção para suas demandas, os protestos, tal como foram vistos no ano passado, desapareceram das ruas. O que vai acontecer durante o Mundial? Poucos arriscam um prognóstico
'10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO'
O carimbo foi dado. A aprovação, nesta semana, do Plano Nacional de Educação assegura os propalados 10% num prazo de 10 anos. A iniciativa foi intensamente festejada, mas duas perguntas ficam no ar: 1) de onde sairá o dinheiro? 2) A injeção será suficiente para melhorar a qualidade do ensino?
'FELICIANO, BICHA LOUCA'
Apesar dos apelos de ativistas, Marco Feliciano (PSC-SP) não saiu do armário. Saiu sim do ostracismo, com a exposição durante os protestos por sua nomeação a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, por declarações homofóbicas. As ruas derrubaram a tarifa, mas não Feliciano
'SAÍMOS DO FACEBOOK'
Mas não por muito tempo. Depois de junho de 2013, os protestos de rua perderam força. Para analistas, isso se deu porque, após a derrubada das tarifas, as manifestações perderam foco e passaram a versar sobre uma enorme quantidade de temas. Já o ativismo de Facebook, continua a todo vapor
'COPA PARA QUEM?'
Embora os protestos tenham minguado, continua em alta o discurso de que um país com tantos problemas não poderia gastar com Copa. Os números, porém, mostram que o dinheiro aplicado no Mundial não resolveria nenhuma problema crônico do país -os recursos equivalem a 1 mês de gasto com educação