Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

A Copa como ela é

Cheia do rio Negro vira ponto turístico de Manaus no Mundial

Funcionários da prefeitura misturam cal às águas poluídas para diminuir mau cheiro e contaminação e planejam elaborar guia com orientações aos visitantes de áreas alagadas

LUCAS REIS DE MANAUS

Manaus se prepara para receber na Copa interessados em um turismo alternativo: a cheia do rio Negro, que atinge 14 bairros, afeta mais de 2.200 famílias, atrai curiosos e preocupa a Defesa Civil.

Para que os fãs de futebol possam percorrer esse cenário, funcionários da prefeitura misturam cal às águas poluídas para diminuir o mau cheiro e a contaminação e planejam instalar banheiros químicos em alguns pontos.

Também será elaborado um guia com orientações e alertas ao turista que pretende visitar as áreas alagadas.

"Querendo ou não, a cheia torna-se um ponto atrativo para o turista e até para quem mora em Manaus e não está acostumado a ver esse fenômeno", afirma Aníbal Gomes, secretário-executivo de Proteção e Defesa Civil.

Na sexta (6), o cenário encontrado pela Folha em diversos bairros é desolador.

A água das cheias mistura-se a galerias fluviais, fossas e galerias de esgoto, acumula lixo e invade casas e estabelecimentos comerciais.

Famílias inteiras às margens do rio e de igarapés convivem com até dois palmos de água dentro de casa, e são vários os relatos de cobras e jacarés trazidos pela cheia.

Entre as doenças, a leptospirose, transmitida pela urina do rato, é a que mais preocupa as autoridades locais.

A inundação interrompeu o trânsito numa rua do centro, próxima ao porto e a uma feira tradicional. Mas há mais esgoto do que água. Bares, açougues e restaurantes usam passarelas de madeira para carregar mercadorias.

"Aqui virou ponto turístico. Para nós, nem foi tão ruim, o movimento aumentou. As pessoas querem ver a cheia e compram mais", diz Dirceu Zenon, 36, dono de um bar.

Segundo o prefeito Artur Virgílio (PSDB), todos os turistas da Copa estão convidados a ver de perto a cheia.

"Não vamos fugir do problema, todos poderão ver nossas mazelas. Manaus é uma cidade com problemas. Inclusive já disse ao senhor [Joseph] Blatter [presidente da Fifa] e ao senhor Jérôme Valcke [secretário-geral] que os levarei pessoalmente para ver esse problema", afirmou.

O primeiro jogo do Mundial na cidade será no dia 14, entre Inglaterra e Itália.

No fim de maio, o prefeito decretou estado de emergência. O nível do rio já atingiu 29,44 m, segundo o CPRM (Serviço Geológico do Brasil) --a cota de emergência é de 28,94 m. Essa já é uma das cinco maiores cheias no rio e atinge o centro da cidade pelo terceiro ano consecutivo. Fato raro, dizem ambientalistas.

Segundo a Defesa Civil, passarelas de madeira foram construídas, e as famílias recebem mantimentos e aluguel social de R$ 300 como incentivo para deixar suas casas.

"Quem consegue alugar um lugar por R$ 300? A gente fica aqui pois não tem para onde ir", diz a dona de casa Elonia da Silva, que cozinha em meio ao alagamento.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página