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Manifestantes são denunciados antes de perícia em explosivos

Artefatos foram achados com ativistas presos em protesto contra a Copa e estão entre as provas oferecidas pela polícia

Fábio Hideki e Rafael Lusvarghi são réus por associação criminosa; eles dizem que não portavam os objetos

GIBA BERGAMIM JR. ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO

O Ministério Público denunciou dois manifestantes acusados de comandar protestos violentos em São Paulo sem que supostos artefatos explosivos que, segundo a polícia, foram achados com eles fossem submetidos à perícia.

Os objetos estão entre as provas relacionadas pela polícia para indiciar Fábio Hideki Harano, 27, e Rafael Marques Lusvarghi, 26, presos durante protesto contra a Copa do Mundo, em 23 de junho.

Mesmo sem a análise que comprovaria o potencial incendiário ou explosivo dos dois artefatos que estariam com Hideki e Lusvarghi, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra eles.

Hideki, que é funcionário da USP, e Lusvarghi, ex-PM, negam que fossem os donos dos artefatos apresentados por policiais civis do Deic (Departamento de Investigações Criminais), que investigou e prendeu a dupla.

Desde segunda-feira (21), eles são considerados réus em processo, por associação criminosa, pela posse de "artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar", entre outros delitos. A pena de reclusão para a posse de bomba é de três a seis anos.

Os objetos foram enviados ao Instituto de Criminalística. No dia 1º de julho, porém, eles foram devolvidos porque a análise do material deveria ser feita pelo Gate (grupo antibombas da Polícia Militar).

Procurada pela Folha, a Secretaria de Segurança Pública disse na tarde de sexta-feira (25) que a análise do material "está sendo feita", mas não deu prazos de quando deverá ficar pronta.

A Promotoria diz que para a denúncia são necessários apenas indícios (leia abaixo).

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público no último dia 11, os promotores dizem que o objeto encontrado com Lusvarghi se trata de uma "garrafa de iogurte com forte odor de gasolina". Os promotores dizem ser "um artefato caseiro com funcionalidade similar à de um coquetel molotov".

A polícia diz que o agora réu tentava jogar fora o artefato quando foi detido.

Especialistas ouvidos pela Folha dizem que não é comum a utilização de frascos plásticos na confecção de um coquetel molotov, até porque o vasilhame precisa se estilhaçar para que o combustível se espalhe na superfície.

Além disso, seria necessário um "pavio" para a explosão. Isso não foi apreendido.

Desde a prisão dos ativistas, a reportagem questiona se existem fotos dos artefatos, porém, sem resposta.

A Folha teve acesso ao processo e não localizou imagens dos itens apreendidos.

Já com Hideki, na denúncia, o Ministério Público diz ter sido encontrado um "artefato explosivo", sem dar detalhes (tamanho ou formato).

No processo, a polícia trata o mesmo objeto de "artefato incendiário de fabricação rudimentar".

Procurada, a polícia não deu detalhes dos explosivos.

Já o Ministério Público disse, em resposta à Folha, que o item apreendido com Hideki seria do "tamanho de uma cápsula, provavelmente com material combustível em seu interior ". Para a polícia, ambos tinham voz de comando entre manifestantes e deram ordens para depredações e agressões a policiais.


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