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Eleições 2014

Aécio admite uso de aeroporto na terra do tio

Candidato do PSDB diz ter pousado 'três ou quatro vezes' em pista construída durante seu governo em Minas Gerais

Tucano defende obra, mas reconhece 'equívoco' de ter usado pista sem ela ter autorização para operar

DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, admitiu nesta quarta (30) que usou o aeroporto de Cláudio (MG) para pousar num avião de sua família "três ou quatro vezes" nos últimos anos, mesmo sem a pista ter autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para operar.

Depois de se recusar por dez dias a responder perguntas sobre o uso do aeroporto, Aécio mudou de tática para tentar reduzir o desgaste que a controvérsia em torno do assunto causou à sua imagem.

"Eu já utilizei [o local] várias vezes antes dessa pista ser asfaltada nos últimos 30 anos, desde a minha juventude", disse. "Ele era usado por empresários, fazendeiros, pessoas da região. Depois da conclusão da obra, quando não era mais governador, usei algumas poucas vezes, pousei ali algumas poucas vezes em avião da minha família."

A Folha revelou no dia 20 de julho que o governo de Minas gastou quase R$ 14 milhões para construir o aeroporto numa área de um tio-avô de Aécio, Múcio Tolentino, desapropriada pelo Estado. Parentes do tucano guardam as chaves do aeroporto.

O candidato disse ter cometido o "equívoco" de usar a pista sem que ela tivesse homologação da Anac, mas afirmou não ter conhecimento de que o aeroporto não tinha autorização legal para operar.

"Admito uma culpa: eu devia ter buscado mais informações sobre isso", disse. "Mas é preciso que a Anac trabalhe. A pista está há três anos sem homologação, é investimento público feito e, obviamente, usada de forma inadequada."

O candidato negou ter escolhido o local do aeroporto com o objetivo de beneficiar seus familiares. A sede da fazenda de Tolentino fica ao lado da pista e a Fazenda da Mata, propriedade familiar que é o refúgio predileto de Aécio, fica a 6 km do lugar.

Aécio voltou a defender a obra como um empreendimento importante para alavancar a economia da região, sede de um pequeno pólo industrial, apesar da existência de um aeroporto maior na vizinha Divinópolis, a 50 km.

"Ali foi, na nossa avaliação, o terreno mais adequado", disse o senador. "Talvez se a área não fosse de parente meu, não seria essa celeuma."

INDENIZAÇÃO

A área onde o aeroporto foi construído foi desapropriada antes da obra, mas o tio de Aécio ainda discute o valor da indenização na Justiça. O Estado ofereceu R$ 1 milhão e Múcio pede R$ 9 milhões.

O pagamento está vinculado a uma ação civil em que o Ministério Público tenta obrigar o tio de Aécio a devolver aos cofres públicos recursos usados pelo governo mineiro na década de 80 para construir uma pista de terra que existia em sua fazenda antes da construção do aeroporto.

Como a Folha mostrou no dia 25, a indenização poderá ajudar o fazendeiro a pagar a dívida decorrente dessa ação.

"A obra foi legal, necessária do ponto de vista econômico e não beneficiou absolutamente ninguém da minha família", afirmou Aécio.

Sobre o fato de o tio guardar as chaves do aeroporto, Aécio disse que se sente "incomodado", mas responsabilizou a Prefeitura de Cláudio.

"Soube que seis ou sete pessoas tinham a chave, gente que voava", afirmou. "É responsabilidade que o prefeito assume e tem que coordenar. Se entregam a chave para quatro, cinco ou seis é um erro, muito mais ainda por ser um parente meu."

Aécio disse que o avião que usou para visitar Cláudio era de Gilberto Faria, que foi marido de sua mãe. Ele admtiu também ter pousado uma vez na pista reformada durante seu governo na cidade de Montezuma, onde ele é sócio de uma propriedade rural administrada por sua família.

"Eu desci lá uma vez, há cerca de dez anos atrás, pouco mais de 10 anos", disse o candidato. "Eu era governador, mas desci da mesma forma, não em avião do Estado."

O aeródromo de Montezuma, cuja pista foi pavimentada pelo governo de Minas em 2007, até hoje existe sem registro na Anac --o que impede que seja utilizado pelo público.


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