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ONG combate desvios de verba pública no Paraná
Observatório Social tem atuação preventiva
Foi somente depois de um grande escândalo que a cidade de Maringá, no norte do Paraná, se tornou referência nacional no monitoramento de gastos públicos.
Em 2000, descobriu-se que o prefeito Jairo Gianoto (PSDB à época) depositava cheques da prefeitura em contas pessoais. Ele e o secretário da Fazenda, Luís Paolicchi, tinham patrimônio milionário.
O Ministério Público classificou o caso de "rapinagem com a certeza da impunidade". No total, R$ 500 milhões foram roubados.
O prefeito, não localizado pela reportagem, acabou renunciando ao cargo. O secretário fugiu para a Itália.
Meses depois, cidadãos se articularam e criaram o Observatório Social de Maringá.
Em oito anos completados mês passado, foram R$ 53 milhões de economia em dinheiro público, de compras suspeitas que foram canceladas ou refeitas pela prefeitura.
Premiado pela ONU e com um modelo replicado em cerca de 80 cidades, o observatório se diferencia pela atuação preventiva.
Técnicos e voluntários treinados buscam distorções nos editais de licitação do município, como sobrepreço, indícios de direcionamento ou falta de detalhamento.
Uma vez encontrada a falha, a prefeitura é alertada. A imprensa só é avisada se o problema não for corrigido.
"O negócio é resolver, e não denunciar", diz a advogada Fábia Sacco, presidente da ONG. A prática impediu a compra de aspirinas por dez vezes mais que o valor original, a aquisição de uma coleção literária falsa a R$ 500 mil, com cópias de um mesmo livro, e o pagamento em dobro por câmeras de segurança.
Para Sacco, o trabalho hoje é mais elaborado, já que os mecanismos para fraudar licitações vão se aprimorando.