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Xico Sá

Até que a eleição os separe

O AMOR, assim como a ira dos perdedores nas urnas, tem terceiro turno. Casal que vota separado demora a ruminar o resultado e a D.R.E., a discussão de relação eleitoral, se prolonga, às vezes, até o peru natalino.

Conheço pombinhos que não se falam desde a pesquisa de boca de urna de domingo em São P. Ela, do cordão vermelho, Haddad. Ele, do azul, Serra. A moça foi festejar na Paulista, debaixo de chuva, o triunfo. O rapaz foi chorar as pitangas com amigos tucanos.

São quase um Romeu & Julieta ideológico e futebolístico. Reproduzem uma certa tendência da geografia paulistana. Ela é corintiana roxa, suburbano coração de São Mateus, zona leste. Ele é palmeirense das Perdizes, zona oeste.

Eles tiveram, nos últimos tempos, não apenas a chatice da discussão de relação. O embate foi mais pesado, conforme relataram aos amigos. Ele atacava de "mensaleira". Ela respondia com a compra de voto da emenda da reeleição, em 1997, no mandato de FHC.

O que era um casamento se transformou em programa permanente do horário eleitoral. Um tomou-levou digno de dramalhão televisivo. Até que a eleição os separe, ironizavam os amigos.

A sorte é que as gozações do futebol foram suspensas. Política e futebol são demais para quem vive sob o mesmo teto. Praticamente esqueceram a peleja dentro de campo. Bom senso. Na medida do possível.

As amizades também são abaladas por diferenças políticas. Do bloqueio nas redes sociais à intriga na prática do convívio. Os tempos já foram mais xiitas. Era impossível namoro ou camaradagem afetiva, por exemplo, entre um(a) petista e um(a) malufista.

Testemunhei "dons juans" fugindo de consumadas conquistas por causa da preferência eleitoral das moças. Gazelas ideológicas também recusavam a diferença política na alcova.


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