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Indiciado, ex-adjunto na AGU diz que não tem 'nada para esconder'
Weber afirma que único erro foi pedido pessoal para uma viagem
Indiciado pela Operação Porto Seguro, o ex-advogado-geral-adjunto da União José Weber Holanda disse ontem "não ter nada para esconder".
Weber, que foi afastado, era o braço direito do ministro Luís Inácio Adams na AGU (Advocacia-Geral da União).Procurado pela Folha, ele só falou com a reportagem após um encontro no aeroporto de Congonhas. Weber viajou a São Paulo para conversar com seus advogados.
O ex-adjunto negou fazer parte do esquema e disse ter cometido apenas um pecado: um pedido pessoal para o ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), Paulo Vieira, apontado pela Polícia Federal como um dos chefes do esquema de venda de pareceres jurídicos para favorecer interesses privados.
"Não farei o papel do vilão. Meu único pecado foi ter pedido para o Paulo agilizar um check-in de um cruzeiro pela costa da América do Sul em janeiro. Pedi porque a minha sogra tem 85 anos e as filas desses cruzeiros são muito grandes", disse ele. "Não vou deixar de fazer as coisas por causa da operação. Meu plano ainda é ir para o cruzeiro."
Ele negou conhecer a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, também indiciada no esquema. "A única pessoa que eu conheço é o Paulo Vieira. Ela eu nunca vi."
Weber admitiu também ter recebido o ex-senador Gilberto Miranda (PMDB) na AGU.
Na conversa, segundo ele, Miranda teria pedido para que ele desse informações sobre um processo no Supremo Tribunal Federal. Mas Weber disse ter negado o pedido.
Reportagem da Folha ontem mostrou que Weber ajudou o ex-senador na aprovação de um complexo portuário de R$ 2 bilhões na ilha de Bagres, área de proteção permanente ao lado de Santos.
A AGU disse que não iria se manifestar sobre o processo porque o advogado-geral da União irá ao Congresso prestar depoimento.