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Rose fez BB beneficiar empresa de seu marido

New Talent recebeu R$ 1,12 milhão da Cobra, braço do Banco do Brasil

O presidente da Cobra era subordinado no BB ao vice-presidente Ricardo Flores, homem forte do PT no setor

DE BRASÍLIA DE SÃO PAULO

Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, conseguiu que uma empresa do Banco do Brasil contratasse a firma que tem seu marido, João Vasconcelos, como diretor e um genro como sócio.

A New Talent recebeu R$ 1,12 milhão da Cobra, braço tecnológico do BB, num contrato com dispensa de licitação. Tanto o nome de Vasconcelos como o do genro, Carlos Alexandre Damasco Torres, estão no contrato.

O contrato foi assinado em maio de 2010, quando o vice-presidente de tecnologia do BB era José Luiz Salinas. Apadrinhado do ex-ministro José Dirceu e do deputado Ricardo Berzoini, Salinas tinha ascendência sobre as decisões da Cobra. Ele deixou o cargo em junho de 2010, deslocado para um setor do BB na Ásia.

A Folha apurou que Salinas costumava frequentar o gabinete de Rosemary, onde despacha o presidente da República em São Paulo.

Segundo as investigações da Polícia Federal na Operação Porto Seguro, a New Talent apresentou atestado supostamente falso de capacidade técnica, datado do final de 2009, para conseguir a obra na empresa do BB.

O documento "comprovava" capacidade da empresa de prestar o serviço, dando como referência um contrato com a Associação Cultural Nossa Senhora Aparecida, no valor de R$ 2,8 milhões.

A associação, segundo a PF, atua na área de educação e era usada por Paulo Vieira, ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), no suposto esquema de corrupção.

O pedido para que o atestado fosse emitido partiu da própria Rose, conforme e-mails trocados entre ela e Vieira. A emissão do atestado, segundo a PF, foi uma retribuição de Vieira a Rose por serviços prestados ao grupo.

O presidente da Cobra na época da assinatura do contrato era Luiz Carlos Silva de Azevedo. Antes de assumir, ele era subordinado no BB a Ricardo Flores, na época vice-presidente da área de crédito da instituição e homem forte do PT no setor.

Ex-presidente da Previ e atual presidente da Brasilprev, Flores era amigo de Rosemary e foi um dos convidados do casamento dela e João Vasconcelos. Seu nome é citado em e-mails trocados entre investigados.

A obra era para reforma no prédio da Cobra em Barueri (SP). O BB queria unificar o centro de tecnologia que operava em Brasília e no município. O último pagamento atrasou, porque a New Talent havia entregue a obra sem cumprir as especificações do contrato. Depois disso, a situação foi regularizada.

Rosemary também tentou aprovar no BB o aumento da capacidade de crédito da Tecondi -que atua no terminal de contêineres em Santos.

Rosemary pediu a Flores, que comandava a área no BB, aumento de R$ 48 milhões na capacidade de crédito da empresa. A decisão é colegiada, e o BB vetou a operação.

O BB disse que não irá comentar o assunto. A Folha não localizou Salinas nem representantes da New Talent. Flores não atendeu o celular. Rosemary disse que não cometeu nenhuma ilegalidade.


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