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PF indicia ex-atleta e mais 8 sob suspeita de desvio em ONG

Ex-jogadora de basquete é acusada de usar verba federal para pagar dentista, doméstica e contribuição ao PC do B

Entidade dirigida por Karina Rodrigues recebia recursos de ministério; desvio foi de R$ 4,2 mi, diz polícia

DE SÃO PAULO

A Polícia Federal indiciou ontem nove pessoas sob suspeita de desviar pelo menos R$ 4,2 milhões destinados por um programa federal a uma ONG dirigida pela ex-jogadora de basquete e ex-vereadora do PC do B Karina Valéria Rodrigues.

Segundo a PF, ela usou recursos do programa Segundo Tempo, repassados pelo Ministério do Esporte à ONG Pra Frente Brasil, de Jaguariúna (123 km de São Paulo), para pagar despesas pessoais e fazer contribuições ao partido.

A Pra Frente Brasil recebeu R$ 28 milhões do ministério -comandado pelo PC do B desde o início do governo Lula- de 2007 a 2011, para desenvolver atividades esportivas com 18 mil jovens. A ONG era uma das maiores beneficiárias de verbas da pasta.

Karina foi indiciada sob a acusação de peculato (desvio de recursos por ocupante de cargo público), falsidade ideológica, formação de quadrilha, sonegação de contribuições previdenciárias e lavagem de dinheiro.

A ex-jogadora afirmou à Folha que irá apresentar suas explicações à Justiça, caso seja denunciada pelo Ministério Público, e disse que só sabia de seu indiciamento por dois dos crimes.

Entre os outros indiciados estão seis pessoas ligadas a empresas que forneciam produtos e serviços à ONG e que seriam, segundo a PF, todas controladas por Karina.

Na casa de Reinaldo Morandi, dono de uma empresa que fornecia alimentação aos jovens atendidos pela Pra Frente Brasil, foram encontrados canhotos de cheques de duas companhias contratadas pela ONG preenchidos com a letra da ex-vereadora.

Alguns desses cheques, segundo a PF, serviram para custear despesas pessoais de Karina, como dentista e empregada doméstica. Outros pagamentos foram identificados como "partido".

A ex-atleta disse ao delegado Jessé Coelho de Almeida, responsável pela investigação, que, por ser vereadora, contribuía para o PC do B com um percentual de seus rendimentos. E que teria preenchido cheques da empresa como "favor" ao proprietário.

Também foram verificados saques em dinheiro da ordem de R$ 50 mil, que seriam destinados a Karina.

A investigação apontou que as datas de alguns saques coincidiram com a compra, em dinheiro vivo, da casa onde Karina morava com Jordana Petillo, também indiciada.

O imóvel, registrado no nome de Jordana, foi vendido posteriormente e o dinheiro foi entregue a Karina.

A PF informou ainda que mais de 200 pessoas recebiam dinheiro do Ministério do Esporte como monitores da ONG, mas nunca prestaram serviços à Pra Frente Brasil -entre eles a empregada doméstica e contadores da ex-jogadora.

A entidade de Karina não opera desde dezembro de 2011. Após encerrar o mandato de vereadora, no final do ano passado, ela passou a trabalhar em uma sorveteria.

MINISTÉRIO

A existência de um suposto esquema de fraudes no programa Segundo Tempo custou, em 2011, o cargo do então ministro Orlando Silva.

As suspeitas foram levantadas pelo policial militar João Dias Ferreira em entrevista à revista "Veja". Ferreira e seu motorista, Célio Soares Pereira, disseram que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem da pasta.

O caso foi arquivado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República por falta de provas.


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