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Pastor diz que não recuará e prega combate a projeto sobre homofobia
Deputado enfrenta protesto na porta de igreja em Ribeirão Preto e sai pelos fundos após culto
Eleito para Comissão de Direitos Humanos, Feliciano ataca 'conquista que fere a família' e diz estar 'disposto a morrer'
Eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou, em culto de sua igreja evangélica, que seus fiéis precisam combater o projeto de lei que torna crime a homofobia. Avisou que não vai recuar de suas opiniões.
O culto ocorreu ontem à noite em Ribeirão Preto, uma das principais filiais de sua igreja, a Catedral do Livramento, ligada à Assembleia de Deus. O evento contou com a presença de toda a cúpula da igreja do deputado.
Do lado de fora, mais de 200 pessoas protestavam contra sua eleição para a presidência da comissão na Câmara, ocorrida por acordo político entre os deputados.
Feliciano teve de sair pelas portas dos fundos da igreja e seus fiéis usaram um cordão de isolamento em meio aos protestos de ativistas que chamavam o deputado de "racista" e "homofóbico".
"Já arrumaram para mim uma saída estratégica, uma maneira de sair daqui", disse aos fiéis. "Tudo o que está acontecendo é um mero teatro, um teatro dos horrores, onde querem punir um homem por expressar sua fé. (...) Não recuarei jamais. Estou disposto a morrer", afirmou.
Ele pregou por cerca de 40 minutos. Logo no começo, abordou o projeto que criminaliza a homofobia e que está em debate no Congresso.
"O projeto de lei que criminaliza a homofobia está sendo neste momento colocado em evidência. Estou sofrendo o que todos vão sofrer quando for aprovado. Nenhuma das senhoras, nenhum dos senhores vai poder ter a livre a expressão, poder pensar. Se não fizermos alguma coisa agora, amanhã não sei o que vai acontecer", disse.
Ele ainda provocou os ativistas que lideram as manifestações contra ele: "Nesses últimos dias ouvi os ativistas falarem que 'com ele na comissão é um retrocesso (...), nossas conquistas vão ficar paradas'. E quais são as conquistas? Conquistas que ferem a família".
"O que acontece nestes dias em nosso país é uma grande luta, uma luta inédita. Pela primeira vez na historia de um país, um pastor sofre uma perseguição como a que estou sofrendo."
A polêmica é antiga em torno dele. Ele disse em 2011 que os "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé". Depois, afirmou ter sido mal compreendido.
O pastor afirma que não é homofóbico, mas diz ser contra o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo. A pressão aumentou depois da divulgação de um vídeo em que ele pede a senha do cartão bancário de um fiel.
Ontem, manifestantes entoavam gritos e seguravam cartazes dizendo "Fora, preconceito", "Amaldiçoado é o seu preconceito".
No culto, o deputado reafirmou que não tem opiniões discriminatórias. "O que está em jogo neste momento é a liberdade de pensar. A liberdade religiosa", disse. Segundo ele, a "grande mídia" quer classificar seus fiéis de "loucos e fanáticos".