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Venda de carros é a pior em 4 anos na região
Queda, que chegou a 10,5% no ano passado, deve prosseguir neste ano, diz economista
As quatro cidades mais populosas da região de Ribeirão Preto tiveram em 2013 o pior volume de venda de veículos dos últimos quatro anos, com o emplacamento de 57.214 unidades.
Desde 2009, quando registrou a venda de 64.704 carros, o setor sofre com a desaceleração do mercado.
No entanto, a queda mais acentuada ocorreu de 2012 para 2013, com redução de 10,5% nas vendas. Os dados são da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores).
Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade, disse que a queda na região segue uma tendência nacional, que já era esperada pelo setor devido ao grande volume de vendas na última década.
A redução nas vendas, segundo ele, foi provocada pelo endividamento das famílias, a alta dos juros e a inadimplência do setor, que mesmo decrescente continua em patamares altos.
Além desses fatores, Assumpção Júnior disse que a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que nos últimos anos impulsionou a venda de carros, não teve grande impacto para o setor no ano passado.
O economista Edgard Monforte Merlo, professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, afirmou que a queda nas vendas reflete um esgotamento da política nacional de incentivo ao consumo.
"O governo baixava o IPI e as pessoas compravam, mas uma hora chega no limite. As pessoas não jogam fora carro, é um bem durável."
Com o maior volume de vendas das quatro localidades, Ribeirão Preto comercializou 32.648 veículos no ano passado, 10% a menos que no ano anterior.
Araraquara foi o município da região que registrou a maior queda de vendas nos últimos dois anos, com redução de 14,3%. Franca teve o segundo pior desempenho, com redução de 12,6%.
Já São Carlos apresentou a menor redução, com queda de 5,2% nas vendas.
EXPECTATIVA
Apesar do aumento no preço dos carros por conta da obrigatoriedade de freios ABS e airbag, Assumpção disse que a principal dificuldade do setor em 2014 será a diminuição de dias úteis.
"O ano só começa após o Carnaval, que só será em março, as férias vão ser antecipadas por causa da Copa do Mundo e ainda temos eleições. O aumento do preço por esses dois itens é muito pequeno perto dos benefícios", disse Assumpção Júnior.
A estimativa é que os veículos populares tenham acréscimo de R$ 1.500 nos preços com a obrigatoriedade dos dois itens.
Merlo afirmou que a previsão para 2014 é que as vendas continuem a cair, mas de forma mais tímida.
"Não adianta tirar imposto se a inflação está alta. O governo dá com uma mão e tira com a outra. O consumidor está receoso."