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Protesto 'rebatiza' nomes de ruas e viaduto em Ribeirão

CAMILA TURTELLI DE RIBEIRÃO PRETO

Dois endereços em Ribeirão Preto amanheceram ontem com nomes diferentes.

Como uma forma de protesto, o MJI (Movimento Jovem Independente) "rebatizou" o viaduto José Sarney e a avenida Costa e Silva usando uma faixa e um cartaz.

Os locais receberam as alcunhas de viaduto Vanderley Caixe e avenida Irmã Maurina, respectivamente.

No início da semana, uma intervenção nos mesmos moldes já havia sido realizada no centro da cidade -de forma anônima, no entanto. Um grupo colocou um cartaz cobrindo uma das placas de sinalização da rua Visconde de Inhaúma com o dizer Zumbi dos Palmares.

Membro do MJI, o tatuador e grafiteiro Lúcio Souza, 21, afirmou que as intervenções são uma forma de repúdio às homenagens que foram prestadas a políticos que participaram do regime militar (1964-1985) no país.

O protesto do MJI segue o exemplo de outros que estão sendo realizados no país devido aos 50 anos do regime, com a mesma forma de ação.

Artur da Costa e Silva foi o segundo presidente do regime militar, entre os anos de 1967 e 1969. Já José Sarney foi presidente da Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido que apoiou o golpe.

Os nomes sobrepostos são de moradores de Ribeirão que foram contra o regime.

Caixe, advogado que morreu em 2012, foi militante do grupo Juventude Comunista em Ribeirão Preto.

Já Irmã Maurina foi presa e torturada por apoiar militantes. Ela morreu em 2011.

"De um lado, esse tipo de protesto tem uma natureza mais propriamente política, no sentido de uma revisão crítica da história recente", disse o sociólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto Marco Antônio de Almeida.

"Qualquer movimento que reveja este erro histórico é válido", afirmou Vanderley Caixe Filho que, assim como o pai, é advogado.

O professor Sérgio Kodato, psicólogo e coordenador do Observatório de Violência da USP Ribeirão, afirmou que o protesto é legítimo e pode instigar a curiosidade de quem não conhece a história do regime militar na cidade.

"Agora é preciso ver como isto irá pressionar a Câmara a rever essas nomeações de ruas", disse Kodato.

Na semana passada, a Câmara aprovou uma moção de apoio à revisão da Lei de Anistia, aprovada em 1979, que livrou de julgamento os que praticaram crimes políticos no regime militar.

No mesmo dia, foi apresentado um projeto de criação de uma Comissão da Verdade em Ribeirão Preto.


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