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Suposto dano é investigado em represa que abastece Araraquara
Local é área de recarga do aquífero e atende 20% do município
O Ministério Público de Araraquara abriu inquérito para investigar supostos danos ambientais em área de proteção ambiental no bairro Chácara Flora, na zona norte do município.
O promotor José Carlos Monteiro instaurou o procedimento após receber denúncias sobre a APP (Área de Proteção Permanente) existente entre a nascente do córrego das Cruzes e a represa de captação de água -responsável por abastecer 20% da cidade.
O local também é considerado área de recarga do aquífero Guarani -regiões que têm capacidade de absorver água da chuva e levá-la até o lençol freático-, de acordo com o Plano Diretor.
O Daae (Departamento Autônomo de Águas e Esgotos) de Araraquara, responsável pela manutenção da área, disse que não foi notificado (leia texto nesta página).
O superintendente do Daae, Guilherme Ferreira Soares, porém, confirmou que há problemas de assoreamento no córrego e que medidas já foram tomadas para reverter o processo.
A vereadora Gabriela Palombo (PT), responsável pela representação à Promotoria, disse que o local é usado indiscriminadamente para lazer. "Há muito despejo de lixo no córrego e na mata."
Moradora do bairro, a dona de casa Adriana Cardinali, 43, afirmou que a área é usada por banhistas que deixam excesso de lixo no local.
"A área era fechada antigamente, mas não há mais cerca hoje. Foi arrancada."
Há denúncias também sobre o assoreamento acentuado do córrego e da represa.
Segundo Adriana, o assoreamento do córrego foi acelerado após a estiagem que começou no último verão.
"Qualquer prejuízo na área entre a nascente e a represa pode significar danos à qualidade da água", afirmou o biólogo especialista em análise ambiental da Uniara (Centro Universitário de Araraquara) Guilherme Rossi.
Segundo ele, o lixo orgânico despejado em um lugar como este pode causar danos leves como o aumento de bactérias que podem ser nocivas à saúde humana.
Já despejos industriais, como o de materiais que contenham metais pesados, podem trazer danos como a contaminação do manancial.
"Não vejo problema na questão dos banhistas, a questão é sobre o lixo que pode ser deixado por estes grupos", afirmou o pesquisador.
O desmatamento da área de proteção também pode influenciar na qualidade do córrego e levar ao assoreamento, por exemplo.
O Ministério Público enviou uma série de ofícios aos órgãos responsáveis para apurar o teor das denúncias.