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Morre Caixe, 'diplomata' da esquerda local
Advogado era defensor dos direitos humanos, do MST e um dos fundadores das Faln, grupo opositor à ditadura militar
Internado no hospital São Paulo havia 30 dias, ele lutava contra uma infecção; deixa a mulher e dois filhos
| Celio Messias/Folhapress | ||
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| Velório do advogado Vanderley Caixe, na Câmara de Ribeirão, ontem à tarde |
Morreu anteontem, aos 68 anos, o advogado Vanderley Caixe, defensor dos direitos humanos, dos sem-terra e um dos fundadores das Faln (Forças Armadas de Libertação Nacional) -grupo opositor à última ditadura militar brasileira (1964-85) organizado e nascido em Ribeirão Preto.
Ele estava internado no hospital São Paulo havia 30 dias após ter caído e fraturado a cabeça do fêmur. Lutava contra uma infecção.
O corpo do advogado foi velado na Câmara, onde estiveram ontem amigos, colegas de profissão e membros do MST. À tarde, foi enterrado no cemitério da Saudade, no bairro dos Campos Elíseos.
Era uma espécie de diplomata da esquerda ribeirão-pretana. Apesar da defesa radical do comunismo, sabia dialogar com representantes de diferentes grupos sociais -até com os mais conservadores. Em 2004, por exemplo, recusou-se a participar de um movimento da cidade a favor do voto nulo no segundo turno das eleições municipais -disputada entre Welson Gasparini (PSDB), que acabou eleito, e Baleia Rossi (PMDB).
Caixe defendeu o voto no peemedebista, apesar da ira de alguns esquerdistas, que viam em Baleia ligações com a ala mais conservadora do PMDB -o quercismo do pai do hoje deputado estadual, o ex-ministro Wagner Rossi.
"Com o PMDB, nós [dos movimentos sociais] sempre dialogamos. Com o outro grupo [PSDB], não", justificou à Folha na época.
ESPÍRITO CRÍTICO
Ao mesmo tempo, amigos lembraram ontem de um outro lado de Caixe: o advogado também tinha um perfil contestador. "Ele nunca deixou de denunciar e reivindicar", afirmou a companheira de movimento estudantil Áurea Moretti -também fundadora das Faln.
Filho de Caixe, Vanderley Caixe Filho, coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que tem o nome do pai, disse que vai continuar a luta dele -de "transformar a sociedade". Deixou a mulher e dois filhos.
(LUÍS EBLAK E DANIELA SANTOS)
