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Ribeirão

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Filhos e netos de sem-terra voltam a morar no campo

Motivos são custo de vida na cidade e melhora de condições em assentamentos

Novas gerações dizem, porém, preferir manter o emprego na cidade; patriarcas fazem 'puxadinhos' nos lotes

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

Cleuza Terezinha Santos, 53, já estava acostumada a viver sozinha, apenas com o neto adolescente que criou desde criança, na Fazenda da Barra, em Ribeirão Preto.

Os cinco filhos permaneceram na cidade, em Franca. Nos últimos dois anos, porém, a assentada ganhou a companhia de dois dos filhos -um deles até trouxe junto a mulher e um dos filhos.

Além dessas companhias, Cleuza pode ainda receber sua caçula, que quer trocar a vida urbana pelo campo.

Nos últimos anos, assentamentos da região de Ribeirão Preto, onde era comum ver só um casal mais velho no lote, começaram a receber filhos e netos desses assentados, junto com mulheres e crianças.

Por um lado, o alto custo de vida nas cidades ajudou a "expulsar" esses jovens do meio urbano. Por outro, os assentamentos ganharam mais infraestrutura com energia elétrica e poços.

A produção de hortaliças e outras culturas deixou de engatinhar e em alguns assentamentos já encontram local para vender a colheita.

O cenário da região não é isolado: a volta das novas gerações tem ocorrido em assentamentos por todo o país, segundo o docente da Unesp Bernardo Mançano Fernandes.

Só no Mário Lago, um dos assentamentos da Barra, já há casos de "puxadinhos" em lotes -cada um com cerca de 16 mil m²- onde moram três, até quatro famílias, todos parentes do titular da área.

"O lote até para uma família é apertado, mas se não tem jeito de viver na cidade, eles vêm para cá", disse Vitor Donizeti Ribeiro, membro da coordenação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

O armador de ferragem Eliseu Vieira de Lima decidiu há dois anos se mudar com a mulher e os dois filhos para o lote do sogro. "Vou vender minha casa na cidade para comprar um trator. Um dia quero viver só da lavoura."

Para Marcos Praxedes, líder de outro assentamento, o Santo Dias, com 110 lotes, o campo está mais atrativo.

Isso porque há convênios com prefeituras para vender verduras para a merenda escolar, além de programas para levar filhos de assentados para a universidade.

Em Araraquara, os assentamentos Monte Alegre e Bela Vista do Chibarro repetem o fenômeno. Silvani Silva, 36, chegou na adolescência a acampar com o pai no Bela Vista, mas voltou para estudar e trabalhar na cidade.

Casada e com filhos, fez as contas e voltou em 2008 para o lote do pai no Bela Vista.

"Na cidade, o aluguel não sai por menos de R$ 400. No campo, se não tenho nada na despensa, vou no quintal e apanho uma goiaba", disse.


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