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Ribeirão

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Após 9 anos, jovem se prepara para deixar abrigo de Ribeirão

DE RIBEIRÃO PRETO

Lívia (nome fictício), 17, ainda se lembra da sensação estranha do dia em que chegou a um abrigo, o Cacav, em Ribeirão, aos nove anos, com a irmã caçula, de oito.

"Foi horrível. Lembro que era muita gente em volta." Até então, a menina ajudava a família catando papelão.

Naquele ano, o pai morreu e a mãe, conta ela, não tinha condições de mantê-las por perto. Ela e a irmã caçula juntaram-se no abrigo à irmã de 11 anos. Dois anos depois, foram transferidas para outra instituição, hoje chamada de Caribe Nosso Clubinho.

Ciente da chance cada vez mais rara de ser adotada, Lívia começou a se preparar desde os 15 para deixar a instituição quando completar 18 anos, em agosto.

Ela é estagiária numa agência bancária, como a irmã um ano mais nova. "Quero achar um trabalho depois que eu sair do estágio, uma casa e seguir minha vida."

Em Embu, na Grande São Paulo, quatro irmãos afastados da mãe na infância puderam, quando maiores de idade, reviver o amor materno.

Há cinco anos, Domingas Novaes de Brito, 50, conheceu os quatro em uma das casas da associação Maria Helen Drexel. Ela era mãe social, como são chamadas as funcionárias que cuidam dos acolhidos de cada casa.

Lucivana, 21, tinha 16 anos quando Domingas a convidou para ir morar em sua casa quando chegasse aos 18. "Ah, eu senti um alívio, para ser sincera. Vai chegando os 18 anos, a cabeça da gente fica bagunçada."

O irmão José Roberto, 20, se uniu a eles também quando completou 18. E o convite está aberto ao caçula, de 16, que ainda está abrigado.

O mais velho preferiu morar em uma república com amigos, mas visita sempre os irmãos e Domingas, chamada por eles de "tia". Como são adultos, ela não precisa pedir a guarda deles.

Domingas tem quatro filhos biológicos que não moram mais com ela. Mas sua casa voltou a ser movimentada. "Quando convidei, disse a eles: 'Não é como amor de mãe, mas quebra o galho'. Hoje não sei viver sem eles."


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