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EUA mudam indicação de droga anticolesterol
Números de colesterol "ruim" não serão mais tratados como metas a serem atingidas
Novas recomendações para a prevenção de infarto e derrame lançadas pelas duas principais associações americanas de cardiologia vão mudar a forma como os remédios contra colesterol são prescritos nos EUA.
Segundo as novas diretrizes americanas, as estatinas (como Crestor e Lipitor) devem ser prescritas para pessoas sem doença cardiovascular com um risco de 7,5% ou maior de infarto ou AVC (acidente vascular cerebral) nos próximos dez anos.
O texto anterior, de 2002, recomendava que as pessoas só tomassem o medicamento se o risco para os próximos dez anos fosse maior do que 20%. A indicação só considerava o risco para doença cardíaca, e não derrame.
Além disso, pacientes que tomam as estatinas não vão mais precisar baixar seus níveis de colesterol a uma taxa específica, monitorada por exame de sangue. Agora, o simples uso da droga na dose certa será suficiente.
As diretrizes também simplificam a avaliação de quem precisa tomar o remédio.
Pacientes com maior risco porque têm diabetes ou tiveram um infarto devem tomar as estatinas, exceto em casos raros. Pessoas com níveis acima de 190 mg/dl de LDL, o colesterol "ruim" também devem usar o remédio.
Antes, essas pessoas receberiam a recomendação de baixar o LDL para 70 mg/dl, o que já não é necessário.
As regras anteriores punham tanta ênfase no controle do colesterol abaixo de níveis específicos que os pacientes cujos números não baixavam só com estatinas recebem remédios complementares, como a ezetimiba (Zetia). A nova diretriz afirma que eles não devem mais ser prescritos, porque nunca foi provado que esses remédios previnem infarto ou derrame.
O fato de o documento tirar a ênfase das metas preocupou médicos que acreditam que a falta dos objetivos numéricos pode desestimular o controle do colesterol.
Em outubro, a Sociedade Brasileira de Cardiologia publicou novas orientações para o controle do colesterol. As diretrizes colocaram metas mais rígidas para pessoas com risco de 5% ou mais de problemas cardiovasculares nos próximos dez anos.
Para o cardiologista Hermes Xavier, editor das novas diretrizes, a regra americana vai no mesmo sentido da brasileira, ao ampliar o perfil de risco que requer o tratamento com estatinas.
O médico afirma que o mérito da nova norma americana é mostrar que o remédio não serve só para baixar números, mas é uma arma contra a aterosclerose.
"Mais pessoas vão tomar as estatinas. Eles trocaram a redução do colesterol pela redução do risco", diz Xavier. Mas, para ele, as metas de colesterol continuam sendo importantes. "Elas dão um balizamento."