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Capacete não tem reduzido lesões em esqui

Equipamento eleva sensação de segurança e comportamento de risco, dizem médicos

CLÁUDIA COLLUCCI

DE SÃO PAULO

O uso de capacete por praticantes de esqui e outras modalidades de esporte na neve não tem evitado mortes e lesões cerebrais graves.

A constatação de especialistas em esportes na neve e de alguns estudos americanos ganhou força após o acidente envolvendo o ex-piloto Michael Schumacher, que sofreu uma grave lesão cerebral enquanto esquiava na França, no último domingo.

Segundo a Associação Americana de Áreas de Esqui, os esquiadores e snowboarders têm usado mais capacetes (quase o triplo em relação a 2003), mas o número de mortes e lesões cerebrais graves relacionadas ao esporte não diminuiu.

Todos os anos, os EUA registram ao menos 30 mortes relacionadas aos esportes na neve, 70% delas envolvendo jovens de até 30 anos de idade. Lesões na cabeça são as principais causas.

Para os especialistas, é provável que, por usar o capacete, os esquiadores se sintam protegidos e se engajem mais em comportamentos de risco, como saltos mais altos e fora das pistas oficiais.

Segundo eles, o uso de capacetes tem reduzido o número de ferimentos na cabeça menos graves, como lacerações no couro cabeludo. Mas há evidências crescentes de que o equipamento pode não evitar algumas lesões mais graves, como o rompimento do tecido cerebral, segundo Jasper Shealy, professor emérito do Instituto Rochester de Tecnologia.

Ele diz essas lesões normalmente envolvem um deslocamento do cérebro na caixa craniana que os capacetes não conseguem evitar.

Em 2012, pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Western Michigan mostrou que o número de lesões na cabeça em esportes na neve aumentou 60% entre 2004 e 2010 --de 9.308 para 14.947. No mesmo período, o uso de capacete cresceu em idêntica proporção.

No ano passado, um estudo da Universidade de Washington concluiu que o número de ferimentos na cabeça relacionados a esses esportes entre jovens e adolescentes aumentou 250% entre 1996 e 2010.

RISCO

Para os especialistas, há várias causas relacionadas a esse aumento, desde uma maior notificação dos acidentes, esquis mais velozes e até o fato de os resorts terem melhorado o acesso às regiões mais extremas, onde antes não se chegava.

Mas eles são unânimes em citar um elemento que sustenta essa tendência: o aumento do comportamento de risco. "Há um impulso na direção mais rápida, em atingir o ponto mais alto. Chegar ao limite acaba virando a norma, não a exceção", disse ao "New York Times" Nina Winans, médica do esporte.

Fabricantes já estão tentando fazer capacetes mais seguros com a introdução de tecnologias que aliviam algumas das forças rotacionais que causam as lesões.

Mas alguns médicos acreditam que isso poderia dar aos esquiadores uma falsa sensação de segurança.

"Não há 100% de prevenção de lesão cerebral. Quanto mais a cabeça e o cérebro estão protegidos, mais riscos as pessoas vão correr", disse Alan Weintraub, do programa de lesão cerebral no Craig Hospital, no Colorado.


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