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Apple e Google travam guerra retórica

Fabricante do iPhone passou a atacar rival acerca de privacidade após falha no iCloud e antes de lançar Apple Pay

Para analista, embate pode ajudar clientes ao ressaltar problema; empresas romperam por causa do Android

YURI GONZAGA DE SÃO PAULO

Depois da descoberta, no mês passado, de uma brecha de segurança no seu serviço de armazenamento de dados iCloud que teria possibilitado o vazamento de fotos de celebridades nuas, a Apple lançou uma ofensiva de privacidade na qual voltou sua artilharia para o Google.

Em entrevista ao prestigiado talk show de Charlie Rose na semana passada, o presidente-executivo da Apple, Tim Cook, atacou indiretamente a gigante da internet.

"Nós não lemos seu e-mail nem suas mensagens", disse, afirmando que a empresa "evita" coletar dados de usuários, prática que gera boa parte do faturamento do Google.

"Nossos produtos são isso aqui", disse, apontando para iPhones. "Fico ofendido com o excesso disso [comercializar dados de usuários]."

O executivo já havia se pronunciado sobre o assunto por meio de uma página sobre privacidade (apple.com/privacy), lançada no mês passado. "Há alguns anos, internautas começaram a perceber que, quando um serviço é gratuito, você não é o consumidor, mas sim o produto."

O que isso significa para o consumidor? Para Van Baker, vice-presidente de análise de mercados móveis da consultoria Gartner, o movimento pode ser benéfico. "Tem o lado positivo de aumentar a importância que o público dá para a privacidade, um assunto que vem sendo negligenciado", disse à Folha.

Junto com a guerra de palavras, a Apple removeu recentemente do seu navegador Safari a ferramenta de busca do Google como padrão e a substituiu pela da minúscula DuckDuckGo.

No ano passado, já havia trocado o Google Maps no sistema iOS por mapas próprios, mas a má qualidade do novo app causou a maior reação negativa a um lançamento da Apple em tempos recentes.

Mesmo assim, a Apple pode viver plenamente sem o Google, e vice-versa, afirma o analista Baker. "Seus modelos de negócio são muito diferentes, além de as empresas serem muito efetivas no que fazem. Como resultado, são hoje rivais tão veementes."

Após o lançamento do iPhone 6, no mês passado, o presidente-executivo Tim Cook explicou por que Facebook e Amazon não eram competidores diretos e foi enfático ao falar sobre o Google (veja em bit.ly/entrecook).

"O Google, claramente", disse. E a Samsung? "Bom, o Google é que fornece isso [o sistema operacional Android] a eles. O Google é o que habilita as pessoas do ramo de hardware [a competirem com o iPad e o iPhone]."

No segundo trimestre, o Android estava em 85% dos smartphones produzidos no mundo, segundo a Strategy Analytics, ante 12% do iOS.

Antes de o Google lançar seu software para celulares e tablets, havia forte parceria entre as vizinhas californianas. Eric Schmidt, então executivo-chefe da empresa de internet, participou do lançamento do iPhone e subiu ao palco junto com Steve Jobs.

Schmidt foi também membro do conselho administrativo da Apple, cargo concomitante a seu emprego no Google, até 2009, quando saiu por conflitos de interesse.

Na última quinta (2), Schmidt --agora presidente do conselho do Google-- disse lamentar a ofensiva de Cook.

"Alguém não explicou corretamente a ele as políticas do Google, uma pena", disse. "Nossos sistemas são muito mais seguros e [bem] criptografados do que os de qualquer outra empresa, inclusive os da Apple."

Outra explicação para a ofensiva da Apple sobre é o lançamento do que promete ser o método de pagamento do futuro, o Apple Pay.

A mensagem da empresa agora é uma espécie de reedição das críticas feitas pela Microsoft com a campanha "Scroogled" (algo como "ferrado pelo Google"), de efeito nulo sobre a divisão do mercado de buscadores.

Consultada, a Apple não se pronunciou. O Google disse ser claro nas suas práticas, e que usuários podem optar por não receber publicidade refinada pelos seus dados (em bit.ly/propgoogle).


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