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Após aula, fóbicos enfrentam ponte aérea

Grupo que fez curso para driblar o medo de avião terminou tratamento com voo de ida e volta entre SP e Rio

Das 30 pessoas do grupo, cinco não apareceram no dia da viagem; quem foi disse ter vencido a fobia

LUISA ALCANTARA E SILVA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

No mês passado, um grupo de 30 pessoas concluiu o curso Medo de Avião, ministrado pela psicóloga Elvira Gross, em São Paulo.

As aulas eram apoiadas em bate-papos em grupo. Na última etapa, uma conversa com um comandante da Gol, uma visita a um avião estacionado, uma aula em um simulador de voo. Depois, a "prova" final: um bate e volta entre a capital paulista e o Rio de Janeiro.

Das 30 pessoas que pagaram R$ 3.800 pelas aulas mais o bilhete aéreo, cinco não apareceram na viagem.

O voo era às 10h10. Os 25 que persistiram chegaram por volta de 8h a Congonhas "para ir se acostumando", de acordo com Elvira.

"A ideia é que eles vejam que as outras pessoas não estão com medo, que é hora de pensar em outra coisa."

A técnica dava resultado. Na fila do check-in, ninguém parecia estar nervoso.

"Ah, ainda não estamos lá em cima, né?", disse a jornalista Aline Trevisan, 29, que nunca havia voado.

Em direção ao portão de embarque, o grupo abordou figuras famosas, como Amyr Klink e Neguinho da Beija-Flor. Enfim, distraíam-se antes do voo, acompanhado pela reportagem da Folha.

Era a hora de entrar no avião. "Aí o nervoso começa", contou Aline. Sentaram-se depois de cumprimentar os comissários. Uns continuaram a conversar. O assunto? O medo, sempre o medo. Outros preferiram se concentrar.

Quando o avião começou a decolar, mãos se apertaram. Ao menos, três pessoas do grupo choravam, e a maioria fechou os olhos.

Todos, porém, seguiram a dica da professora: contaram os segundos e respiraram com calma. E contaram em voz alta, como se fosse a contagem regressiva para a virada do ano.

Os passageiros ao lado estranhavam, até que o comandante anunciou pelo alto-falante que levava um "grupo especial". Eram eles, as pessoas com medo de voar.

Um dos passageiros comentou com a mulher: "Não sabia que tinha gente assim".

"Conseguimos! Não acredito! Vamos para Paris hoje?", gritou, já no alto, a professora Evaine Cabral, 47.

Os cerca de 45 minutos de voo transcorreram tranquilamente. O pior da experiência já tinha passado --para grande parte deles, o maior medo era a decolagem.

OLHA A PISTA CHEGANDO

O nervosismo reacendeu na hora de pousar. A vista para o Rio ajudava --não para todos, só para quem tinha coragem de olhar pela janela.

Para a alegria do grupo, o avião finalmente parou. Todos os passageiros bateram palmas.

"Foi tenso, mas consegui", disse a comerciante Rosana Peres Ferreira, 50. "Agora vou fazer pequenos voos para ir em outubro com meu filho para a Disney."

Ela nunca viajou de avião com seu filho de oito anos. "Nem para o Beach Park, em Fortaleza, eu fui", contou. Num canto do aeroporto Santos Dumont, a nutricionista Tatiana Moreira Bueno ligou para a casa.

"Filho, a mamãe conseguiu. Agora a gente pode ir para a Disney", disse. O medo dela de voar começou justamente quando o filho nasceu, 13 anos antes.


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