Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Turismo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Boas histórias conduzem passeio por Porto Alegre

Em tour organizado por voluntários, participante paga o quanto acha justo

Centro histórico é percorrido pelo grupo aos sábados, às 11h; divulgação é feita boca a boca e por rede social

VANESSA BARBARA COLUNISTA DA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Todos os sábados, às 11h, um grupo heterogêneo se reúne diante do Chalé da Praça Quinze, bar tradicional no centro histórico de Porto Alegre (RS).

É de lá que sai o city tour clássico do FreeWalk Poa, projeto que existe desde julho do ano passado.

No penúltimo fim de semana de abril, a turma tinha 15 integrantes, em sua maioria porto-alegrenses.

A quantidade de interessados costuma oscilar entre dez e 20 pessoas de diferentes idades e profissões, em geral, atraídas pela divulgação boca a boca e pelo Facebook.

À maneira do que existe em cidades da Europa, o turista paga o quanto achar justo.

Mas, diferentemente de lá, na capital gaúcha os guias não têm de repassar a uma companhia uma taxa fixa por participante.

No FreeWalk Poa, eles são os proprietários da empresa, jovens voluntários que aplicam integralmente as gorjetas na manutenção da estrutura do projeto (site, material de divulgação e camisetas). Ninguém é remunerado.

Segundo o engenheiro químico Thiago Goss, 26, um dos idealizadores do passeio, o objetivo é "mostrar a cidade às pessoas de uma forma divertida e interativa".

Para ele, o grande barato é poder conhecer não só lugares, mas também pessoas diferentes. Já passaram por lá uma cartógrafa estoniana, um dentista que atuava em filmes de terror e um senhor que, no dia da morte de Getúlio Vargas (1954), testemunhou a depredação da Esquina Democrática, no centro.

Todos contribuem com informações e anedotas.

Naquela manhã de abril, a caminhada começou com uma história sobre as enchentes, sobretudo a de 1941, quando as águas do lago Guaíba inundaram a cidade e a deixaram submersa numa coluna de água de 4,75 m.

Ainda é possível ver as marcas nas paredes do Mercado Público. O impacto na população foi tamanho que se criou a expressão "abobados da enchente", usada até hoje para definir alguém tolo.

O grupo seguiu para a Esquina Democrática, o prédio da Livraria do Globo, a Casa de Cultura Mario Quintana (antigo hotel onde o poeta morou, compartilhando o saguão com praticantes de luta livre), o Palácio Piratini e a rua da Praia.

Em cada ponto, contava-se uma história --na última, o foco foi um assalto a uma casa de câmbio ocorrido em 1911, um roubo rocambolesco cometido por quatro anarquistas russos que depois fugiram pela cidade a pé, de carruagem, de bonde e numa carroça de leiteiro, até se embrenharem em uma floresta às margens do Gravataí, onde foram pegos pela polícia.

"Nós fazemos muita pesquisa histórica e, a partir dela, organizamos um roteiro e o estudamos bastante, mas cada um tem liberdade para contar o caso da maneira que achar melhor", diz um dos guias, o administrador de empresas Bernardo Pereira, 30.

Daí surgem as interpretações animadas, as piadas com timing e o acréscimo constante de detalhes.

Os tours duram cerca de duas horas e a média das gorjetas é de R$ 10.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página