Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Destinos 'lado B' atraem também famílias
GUSTAVO SIMON DE SÃO PAULO"No Réveillon que passei em Paris foram quatro dias esbarrando em gente na Champs-Elysées, comendo mal e sendo mal atendido até em restaurantes que eu conhecia, entrando em lugares abarrotados de gente..."
O relato acima é de Leonel Rossi, vice-presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens). Mas pode valer para muita gente que, depois de uma viagem para celebrar a virada do ano, preferia voltar ao ano anterior e ter escolhido um destino menos muvucado.
"Existe um nicho no mercado que quer visitar locais diferenciados --seja porque já conhece os destinos mais agitados, seja para fugir desse agito", pontua Rossi. Isso porque agito pode comprometer a qualidade dos serviços.
Da mesma forma que cidades conhecidas pela muvuca --como Rio e Paris-- observam alta na demanda turística no Réveillon, pacotes para pontos mais recônditos também se valorizam.
São locais geralmente ligados à natureza ou a esportes de aventura, como Bonito (MS), Chapada Diamantina (BA), Los Roques, no Caribe venezuelano, e a Patagônia --chilena ou argentina.
Alguns incluem o básico da época, como ceia e fogos pipocando à meia-noite; outros, por envolver verdadeiras expedições, nem isso.
Em agências como a Venturas e a Cia. Eco, que atuam no setor de ecoturismo, as vendas de pacotes aumentam cerca de 30% no Réveillon.
Ainda que o aumento represente alta ocupação, o fato de as pessoas viajarem em grupos menores e o estilo das atrações --de longas trilhas a reservas ecológicas com acesso limitado de pessoas-- dão conta de driblar a muvuca.
A novidade é que não são só turistas solitários de espírito aventureiro e casais bicho-grilo que respondem por pacotes a mais de Réveillon em destinos "lado B".
"Temos visto mais famílias viajando para esses destinos nesta época", diz Jota Marincek, da Venturas. "São pais que viajaram sozinhos há dez anos e hoje querem passar valores ligados à natureza a seus filhos."