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Capital chilena cria medida para diminuir população de cachorros nas ruas
Mais de 1,6 milhão de cães perambulam sem dono por Santiago; animais já se tornaram parte das atrações turísticas da cidade
Quem já visitou Santiago, no Chile, e fez uma parada em um de seus bares com mesas na calçada, certamente foi abordado pelos olhos pidões de algum cachorro. Grandes e --geralmente-- dóceis, os "perritos callejeros" (cães de rua) se tornaram parte das atrações turísticas da capital.
Mas se são fofos aos olhos dos turistas, para a cidade eles são um problema.
De acordo com levantamento realizado pela Intendência Metropolitana --equivalente à prefeitura-- em 2013, foram contabilizados mais de 1,6 milhão de cachorros vivendo nas ruas de Santiago, o que dá aproximadamente um cão para cada quatro moradores.
O assunto se tornou público no ano passado, quando o governo local lançou oficialmente o Programa Regional de Controle e Prevenção da População Canina, sob um custo total de US$ 3 milhões (cerca de R$ 7 milhões).
O estudo feito pelo governo apontou um fato curioso: de todos os cães que vivem nas ruas, apenas 5% não possuem dono, o que mostra que a posse irresponsável e o abandono são os maiores desafios a serem encarados.
Entre as medidas, que contaram com a parceria de 13 associações ligadas a animais, estavam: registro e identificação de cachorros que vivem em casas com microchip, programa de educação sobre posse responsável em escolas públicas, clínicas móveis, capacitação de profissionais e ações de castração gratuita.
Em dois anos, o projeto espera atender 400 mil cães.
Durante seu passeio pelo centro de Santiago, a brasileira Mariana Facchin, engenheira cartógrafa, 28, encontrou um pastor alemão na rua que precisou ser despistado depois de alguns quarteirões após não parar de segui-la.
O cão foi batizado por ela de Chilito e aparece em fotos que trouxe de recordação. "É triste ver tanto cachorro abandonado, mas não posso negar que eles dão um charme a Santiago", diz Mariana. "Eu estava curiosa para conhecer esses cachorros quando marquei a viagem."
Turistas com a mesma curiosidade de Mariana não precisam se preocupar: ainda vai demorar para os cães saírem de cena --das ruas, no caso.
No lançamento do programa, o presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, Felix Viveros, assumiu a dificuldade. "Provavelmente não vamos resolver toda a situação, mas podemos manter o controle da população canina na região", disse ele à época.
INTERVENÇÃO URBANA
O caso dos cães abandonados foi o centro de uma intervenção urbana criada em 2012 por dois estudantes e que gera repercussão até hoje. Eles amarraram balões com dizeres como "olhe para mim", "não me abandone" e "adote-me" nos pescoços dos cães. Batizada de "Estoy Aqui", a ação causou impacto por meio no YouTube (ow.ly/ujPYh).