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Comentários sobre motoristas no site ajudam a evitar risco

Serviços de carona informam se quem está no volante gosta de ouvir música e se aceita viajar com animais

Questões ambientais estão entre razões que levam pessoa a viajar com desconhecido, segundo pesquisa

LUISA BELCHIOR MOSKOVICS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Entrar no carro de um desconhecido, como querem sites como o Uber e Caron, pode dar medo. Mas as empresas oferecem dicas para diminuir a insegurança de quem quer economizar nos trajetos.

A recomendação mais preciosa talvez seja conferir os comentários sobre os mo- toristas deixados por ou- tros usuários. Alguns endereços, como o Blablacar, trazem também a cotação em cada perfil. Os mais bem cotados são os mais disputados --o que não significa, necessariamente, que cobrem mais.

Os preços para as viagens variam segundo o trajeto, mas os sites têm uma tabela com valores sugeridos, feitos com base em uma equação que soma o preço da gasolina e eventuais pedágios e divide por três. O resultado, recomendam as plataformas, deve ser a quantia paga por cada passageiro, incluindo o motorista.

A proposta, que inclusive é a brecha legal para o serviço, é que o motorista não obtenha lucro com o serviço, mas apenas reduza os custos.

Outro conselho é contar a algum conhecido sobre a viagem e fornecer a ele a placa do carro, o telefone do motorista e a previsão do horário de chegada no destino.

Para usar o serviço, algumas plataformas pedem que o "usuário-motorista" informe se aceita viajar com bichos de estimação, fumantes, se gosta de ouvir música e o quanto quer conversar.

Na França, é preciso fazer um depósito antecipado de parte do valor da carona, por meio do próprio site. Na Espanha, esse mecanismo ainda não funciona, mas, segundo Vincent Rosso, cofundador do Blablacar, será introduzido aos poucos lá e nos outros dez países onde opera.

"Acho melhor, porque, assim, a coisa não corre na informalidade. Já levei cano de pessoas que me pediram carona pelo site e simplesmente não apareceram", disse José Baroto, engenheiro cubano que vive na Espanha e há um ano utiliza o serviço.

"A nossa essência não é econômica, mas, claro que, com a crise, esse apelo cresceu. Trata-se, sobretudo, de fazer amigos, por isso, dizemos que somos uma rede social sobre rodas. É também mais ecológico, porque assim haverá menos carros circulando", afirma Rosso.

A essência pode não ser econômica, mas, para os usuários, o bolso é o que mais pesa na escolha. A economia é o motivo principal para 85% dos usuários do Blablacar, segundo o próprio site, seguido de questões ambientais e, depois, a socialização.

E, embora os sites afirmem que o motorista não deva lucrar, não há como controlar quanto cada usuário cobra.

O estudante espanhol Gonzalo Blanco, que vive na Alemanha, disse que lucra, sim, e utiliza o que ganha ao dar carona para gastar em fins de semana em Berlim ou até visitar seu país. "Cobro um pouco mais do recomendado e isso paga a viagem do fim de semana."

NA JUSTIÇA

"Disputando" clientes de quem trabalha com transporte, os sites de carona viraram caso de investigação policial no Rio (leia mais na pág. F5) e em cidades europeias. Em Madri, a maior empresa de ônibus intermunicipais da Espanha, a Alsa, anunciou que vai processar o Blablacar, site que hoje tem mais de 8 milhões de usuários, de acordo com a empresa.

Mas os governos, por enquanto, estão em cima do muro --com exceção da Prefeitura de Londres, que apoia uma das plataformas.

Em geral, no entanto, ainda não conseguiram compreender totalmente uma tendência que vem revolucionando as estradas do mundo.

"O Rio vive uma tragé- dia no tráfico, não há mobi-lidade e é difícil chegar aos lugares", afirma Solamon Estin, responsável pelo Uber na América Latina. "As ci- dades brasileiras necessi- tam de uma forma de transporte alternativo."

Na Alemanha, pioneira no serviço, há duas grandes plataformas: o Mitfahrgelegenheit e o Mitfahrzentrale. O Blablacar e o Carpooling são os mais acessados na Espanha e na França, onde o primeiro atende pelo nome de Covoiturage. E, na Inglaterra, o Carplus tem apoio institucional da prefeitura londrina.

Nos Estados Unidos, o Lyft funciona em mais de 60 destinos, e "caroneiros" são identificados com um bigode rosa na frente do carro. Mas o site é só para trajetos dentro de uma mesma cidade --boa economia também para turistas.


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