Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Turismo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Veneza alemã

Canais rodeados por florestas formam Lehde, povoado na cidade alemã de Lübbernau

EDUARDO VESSONI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA ALEMANHA

Os canais fluviais desse conjunto de florestas alagadas, no leste da Alemanha, ainda funcionam como acesso exclusivo a corredores estreitos formados por braços do rio Quodda.

Lá, a única barqueira de todo o país a trabalhar como carteira segue distribuindo correspondências no tradicional bote amarelo e as antigas casa sorábias (do povo eslavo que ocupou a região no ano 950) ainda estão de pé, como uma construção de 1877 que aguarda investimentos para voltar a ser habitada.

Conhecido como a "pequena Veneza", o povoado pesqueiro de Lehde fica em Spreewald, uma reserva da biosfera da Unesco formada por um labirinto de 1.300 km de canais que cortam uma área de mais de 48 mil hectares de florestas densas.

É dos pequenos portos no centro histórico da cidade de Lübbenau que saem os barcos inspirados nas gôndolas de Veneza. Fazem passeios de até três horas de duração que riscam sem pressa as águas mansas do rio Spree.

O viajante cruza florestas com copas de árvores refletidas sobre a água quase estática dos canais, comerciantes metidos em figurino típico vendem produtos regionais como os famosos pepinos de Spreewald cortados em forma de aperitivo enquanto antigas pontes de madeira e casario com jardins floridos vão ficando para trás.

Qualquer semelhança com obras de Monet ou Renoir --o cenário lembra uma tela viva impressionista-- é apenas inspiração natural.

A calmaria campestre de Lehde só se altera durante as paradas nas atrações mais concorridas, como os restaurantes às margens dos canais e o Open Air Museum Lehde.

Localizado em uma casa original do século 19, esse museu a céu aberto recria ambientes habitados pelos sorábios. Os moradores de Lehde, aliás, começaram a falar alemão só 200 anos atrás.

No interior dessa fazenda rodeada por águas, o visitante faz um tour detalhado por antigos ambientes. Um dos destaques mais curiosos é o móvel conhecido como "Cama das três gerações", onde dormiam, juntos, o casal, os sogros e os filhos.

Quem busca maior autonomia conta também com aluguel de canoas canadenses e caiaques para tours guiados que fazem o mesmo roteiro dos barcos de madeira tradicionais de Lehde.

Conta a lenda que os canais de Spreewald ("floresta do rio Spree", em tradução livre para o português) foram criados quando bois fugiram do diabo e deram origem a canais profundos naquelas terras.

Daí que vem uma tradição local de colocar esculturas de cobra nos telhados das construções para trazer sorte a seus moradores.

EM CONSERVA

Lübbenau é considerada a terra das conservas. Há o tradicional pepino de Spreewald. Quem se lembra do desespero do personagem Alexander em busca dos pepinos da Alemanha Oriental, no filme "Adeus Lenin" (2003) vai entender a fama desses frutos vendidos em conserva.

Basta caminhar pelas barracas do porto da cidade para o visitante se dar conta da variedade. Servidos a granel em barris de madeira, os pepinos podem ser encontrados em versões com sal, temperados com mostarda, banhados em alho ou cebola e harmonizados com ervas.

Lübbenau, com 16 mil habitantes, é aquela típica cidade do interior da Alemanha onde você corre o agradável risco de ser o único a caminhar por ruas sinuosas de pedra que contornam construções de casario enxaimel (marcado por traves de madeira nas fachadas).

O centro da cidade pode ser explorado a pé em menos de duas horas e abriga atrações históricas como a Sankt Nikolai Kirche, igreja onde até 1867 os cultos eram ministrados em sorábio, e o Schlob Lübbenau, castelo em estilo neoclássico que abriga um hotel.

No final da viagem, o visitante volta para casa com a sensação de ter virado algumas páginas de um livro de histórias --de fábulas, para ser mais preciso.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página