Folha de S.Paulo

Retrovisor

Traseira e central

"Você tem Dardo em casa?", é assim que me recebe o bem humorado Silvio di Priolo em sua oficina especializada em Fiat Dardo. O pior é que tenho.

Há três anos, comprei um Dardo para restaurar. Seduzido pelas linhas do carro, que tem faróis escamoteáveis, capota removível tipo targa, chassis tubular, freio a disco nas quatro rodas e, principalmente, o motor traseiro central, posicionado entre os eixos.

O Dardo é uma réplica autorizada pela Fiat do X 1/9, carro desenhado pelo estúdio Bertone e lançado em 1972 para substituir o 850 Spider.

Mesmo com a modesta cilindrada 1.3, a posição do motor, que é a mesma adotada pela Fórmula 1, garante um bom equilíbrio ao carro. Apelidado de "baby Ferrari", o modelo ganhou elogios até de Emerson Fittipaldi.

No Brasil, tudo começou em 1977, quando Bruno Caloi, dono da Caloi e da Corona Viaturas e Equipamentos, pediu ao legendário construtor de carrocerias Toni Bianco um projeto de carro fora de série com motorização Fiat.

Em visita ao Salão de Turim, Bianco escolheu o Fiat X 1/9. Acharam um original aqui no Brasil, que foi usado como base para o primeiro protótipo em fibra.

Apesar do suporte das concessionárias Fiat, o Dardo não obteve o mesmo êxito do X 1/9 lá fora. Bianco recorda que, até 1983, foram fabricados cerca de 500 carros. Com o mercado particularmente ruim naquela época, decidiram encerrar a produção. A fábrica permaneceu fechada até que Rosário di Priolo, dono de uma oficina no centro de São Paulo, resolver retomá-la.

Bianco colaborou no projeto, e trabalhou por um ano e meio até que o primeiro carro saísse da linha de montagem. A fábrica montou modelos Dardo até 1985.

Silvio, filho de Rosário, ainda tem moldes originais e restaura artesanalmente alguns Dardos em Cotia (Grande São Paulo). Herdeira da história desse carro no país, sua oficina é o melhor lugar para encontrar aquela peça que falta.