Folha de S.Paulo

Senhora perua

Conte até quatro: esse é o tempo que o novo Audi RS6 precisa para ir de 0 a 100 km/h. Mais nove segundos e a perua mais veloz do mundo está a 200 km/h. A máxima? São 305 km/h, ânimo comparável a de superesportivos como Ferrari e Lamborghini.

E olha que o motor desta geração da RS6 Avant perdeu dois cilindros e 20 cv. Sua mecânica traz agora um V8 com "apenas" 560 cv.

Mais que a potencia exagerada para um modelo de proposta familiar de rua, o que realmente impressiona nesse automóvel é o torque: 71,4 kgfm, força capaz de mover um caminhão com dezenas de toneladas de carga.

"As peruas de alta performance da Audi fazem parte de uma longa tradição", explica o engenheiro Lothar Werninghaus. A primeira a desembarcar no Brasil foi uma S4 1994 trazida pelo então importador da marca --Ayrton Senna.

A nova geração da RS6 começa a ser vendida nas próximas semanas e não terá preço acessível. Custará entre R$ 550 mil e R$ 560 mil, quase R$ 1.000 por cada cavalo de potência.

Mesma matemática usada por rivais, como os sedãs BMW M5 e Mercedes E AMG.

NA PISTA

Mas rodar com uma RS6 em circuito fechado é uma experiência única, uma combinação de ferocidade e docilidade dificilmente encontrada nos cupês esportivos.

Sua aceleração é igualmente brutal e faz qualquer ocupante grudar nos bancos quando o acelerador é todo pressionado.

Nas curvas, seu comportamento é irrepreensível. Mérito da tração nas quatro rodas.

A eletrônica ainda corrige pequenos exageros do "piloto" em nome da segurança.

Após algumas voltas rodando rápido, o carro não tem vergonha de mostrar no painel o alto consumo de gasolina (premium): média de 2,7 km/litro --quase R$ 1 por quilômetro.

Se o motorista preferir viajar sem pressa na estrada, em oitava marcha, quatro dos oito cilindros do motor V8 se desligam e a perua pode chegar aos 10 km/litro, segundo o fabricante --o teste Folha-Mauá não aferiu o consumo pois o modelo avaliado ainda faltava ser emplacado e, por isso, estava proibido de transitar em vias públicas.

O Audi ainda traz sistema "start stop", que desliga e liga o motor automaticamente em paradas do transito urbano.

Quanto à tecnologia, o preço do carro alemão permite o que há de mais sofisticado, desde uma carroceria com partes em alumínio até freios com discos de cerâmica, reforçados com fibra de carbono nas quatro rodas --aro 21.

A lista de comodidade é igualmente extensa. A cereja do bolo talvez seja o sistema de som premium, feito sob encomenda pela dinamarquesa Bang & Olufsen. São 15 alto-falantes e 1.200 watts de potencia sonora.

Na Europa, só um equipamento como esse custa o equivalente a um hatch popular.