Escolhido pela TV Cultura como novo apresentador do Roda Viva, o jornalista Ricardo Lessa afirma que o programa começa no próximo dia 9 uma "outra fase".
Em reunião na última segunda (19) com o conselho da Fundação Padre Anchieta, mantenedora do canal do governo paulista, ele foi instruído a buscar "pluralidade".
"Foi essa a encomenda, e nada mais é do que aquilo que eu quero fazer", afirma ele. "Acho que a lição número um do jornalismo é ouvir o outro lado."
Questionado sobre Augusto Nunes, que deixa o programa, diz que "ele tem as posições lá dele, mas, enfim, parece que ele encerrou uma fase aqui da Cultura".
"Agora vamos nos preocupar com a nossa", diz. "Também tenho minhas posições, mas acho que não é o caso. Vou ser um mediador aqui, vou procurar levantar ideias, colocar o máximo de diversidade que conseguir."
Entre outros veículos, Lessa, 62, trabalhou na GloboNews, onde ajudou a formatar e apresentou o programa de entrevistas Entre Aspas.
ESCOLA GLOBO
A principal referência profissional que ele carrega para a TV Cultura é Alice-Maria, executiva da Globo por mais de cinco décadas e responsável pela implantação da GloboNews.
“Eu aprendi televisão com a escola da Globo, a escola da Alice-Maria, uma grande mestre”, afirma. Lembra que, curiosamente, começou seu aprendizado quando ambos conviveram, mais intensamente, na criação da hoje extinta TV Manchete.
Lessa sublinha a diversidade de sua própria trajetória, ao falar do que pretende priorizar no Roda Viva.
“Passei por tudo quanto é mídia, desde impresso diário e semanal, rádio na Voz da América, nos Estados Unidos”, recorda, mencionando a estatal americana.
Antes, foi da equipe que criou o jornal Hora do Povo, então ligado ao grupo guerrilheiro MR-8, época em que se engajou mais em política.
“Foi 1980, 1981, ainda ditadura”, diz. “O HP ganhou duas bombas pela frente e ninguém apurou. Toda a imprensa alternativa sofreu na época, que culminou com o [ataque ao] Riocentro.”
MUDANÇAS
O jornalista foi surpreendido pelo convite, a semanas da estreia, e corre para se integrar à produção.
Nesta última semana, gravou dois pilotos, um deles técnico, para se ambientar. Também realizou as primeiras reuniões, por exemplo, com a área digital.
Ele adianta que, gradualmente, serão introduzidas diversas mudanças no programa. Uma das primeiras será buscar maior dinamismo em plataformas sociais.
O próprio formato do programa deve passar por alterações, inclusive de cenário. “Não é nem questão minha, é da direção. Eles já estavam atentos ao formato.”
Lessa reforça que o Roda Viva é “um espaço histórico na televisão brasileira, que atravessou diversos governos, períodos mais conturbados”. Em todos, “sempre foi esse lugar de respirar, de liberdade, de pluralidade”.
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