Artistas, curadores e galeristas lançam manifesto contra venda de Pollock pelo MAM-RJ

Signatários defendem choque de gestão na instituição carioca

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

Artistas, curadores e galeristas de arte lançaram um manifesto contra a proposta de venda, pelo Museu de Arte Moderna do Rio, da tela "Nº 16, de Jackson Pollock. No texto, os signatários dizem que o museu precisa de um "choque de gestão".

Obra 'No. 16' (1950) de Jackson Pollock
Obra 'No. 16' (1950) de Jackson Pollock - Divulgação

O grupo se junta ao Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), que em março já havia se manifestado contra a venda da obra, a única do artista em acervo de museus brasileiros.

De acordo com o curador Leonel Kaz, que integra o conselho do Ibram, o número de signatários do manifesto já passa de 200. "Apesar de o MAM ser uma instituição privada, (seu acervo) é um patrimônio de interesse público também", diz ele.

A administração do MAM estima que o quadro valha US$ 25 milhões, recursos que seriam investidos em um fundo de investimento, com o rendimento destinado a despesas de custeio do museu.

A lista de signatários do manifesto inclui artistas como Adriana Varejão, Luis Zerbini e Vik Muniz, colecionadores, marchands e curadores, incluindo Luiz Camillo Osório, que já foi curador do próprio MAM.

"Defendemos a existência de museus para cumprir sua função: preservar e exibir obras de arte. A venda do Pollock é uma demonstração de que, no momento, o MAM necessita de um 'choque de gestão'", diz o texto.

O documento cita o Masp como exemplo de instituição que saiu de crise com mudanças administrativas e não vendeu obras de arte no processo.

"Defendemos que se convoque uma administração ativa, com visão estratégica e plano de governança, antenada com a contemporaneidade da arte para que o MAM volte a ser o mais importante museu da cidade", conclui o manifesto.

Procurado, o MAM ainda não se pronunciou sobre o assunto. Em nota divulgada no dia 18 de março, o museu diz que os recursos de aluguel de espaços e de doações têm sido insuficientes para a manutenção da instituição.

Diz ainda que a escolha da obra do Pollock se deve ao fato de não ser um artista brasileiro e que a coleção de pinturas estrangeiras não constitui um dos carros chefes do museu.

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