Descrição de chapéu música

Buena Vista Social Club traz tour de adeus ao Brasil

Orquestra de ritmos cubanos se apresenta em quatro cidades do país a partir de quinta (10)

O alaudista Barbarito Torres e a cantora Omara Portuondo em apresentação em Barcelona - Miquel Benítez - 19.jun.15/Redferns via Getty Images
Amanda Nogueira
São Paulo

"Bom, como você deve imaginar, não é uma decisão simples dizer adeus, nunca e em nenhum sentido."

Quem afirma é o alaudista Barbarito Torres, membro da Orquestra Buena Vista Social Club, com a qual se apresenta em quatro cidades brasileiras a partir desta quinta (10).

Tendo à frente Torres, 62, a cantora Omara Portuondo, 87, o guitarrista Eliades Ochoa, 71, e o trompetista Manuel Guajiro Mirabal, 85 (que não vem ao Brasil por motivos de saúde), o grupo embaixador dos ritmos tradicionais cubanos se despede dos palcos com a turnê "Adiós", iniciada em 2014.

"Todos tínhamos claro que era o momento de ao menos celebrar com música os 20 anos de carinho e apoio recebidos", diz Torres. "Além disso, não se pode negar que estamos ficando mais velhos e teríamos que diminuir o ritmo."

Os músicos já eram veteranos nos palcos e alguns estavam até esquecidos quando se uniram para gravar um álbum.

Sob a articulação do guitarrista americano Ry Cooder, o disco levou o nome de Buena Vista Social Club em homenagem a um clube musical da Havana pré-anos 1950, onde hoje funciona uma academia.

Desde 1997, quando o disco vencedor de um Grammy saiu, o conjunto já se despediu de nomes como o pianista Rubén González (1919-2003), do baixista Orlando López, o Cachaíto, (1933-2009) e do cantor Ibrahim Ferrer (1927-2005).

Para o alaudista, o grupo, da maneira como é conhecido, se encerra com a geração atual de músicos, ainda que novos artistas tentem seguir seu legado. "Como poderia ser um 'Veinte Años' sem a voz de Omara ou um 'Chan Chan' sem Eliades?", questiona.

A fama da orquestra foi propelida pelo documentário que leva seu nome, dirigido por Wim Wenders em 1999. Agora, a turnê de despedida motivou novo registro audiovisual. "Buena Vista Social Club: Adios", de Lucy Walker, retoma a vida e carreira dos integrantes desde aquele momento.

O conjunto revive clássicos do cancioneiro cubano e salvaguarda ritmos como o son, a guajira, o bolero, o cha-cha-cha e a rumba. Com a lenta e gradual abertura do país, adquiriu mais relevância como guardiã da tradição musical frente a influências externas.

"Temos notado um aumento considerável no número de turistas e isso ajuda a divulgar nossa música, já que ela se encontra em todas as esquinas do nosso país", diz Torres.

Otimista, o alaudista se diz seguro sobre o espaço da música tradicional cubana, que descreve como parte da identidade de seu povo. "Obviamente que as novas gerações estão atraídas pelos sons da moda, mas sempre há muito respeito pelos clássicos e muita educação musical."

Torres evita comentar o impacto das mudanças na vida dos artistas locais. "Somos músicos e pessoalmente não entro muito na política", diz. "O que faço bem é tocar e fazer as pessoas desfrutarem da música e da dança."


Buena Vista Social Club

No Rio, qui. (10), às 21h30, no Vivo Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, tel. (21) 2272-2901. Esgotado; 18 anos (menores com responsáveis).

Em São Paulo, sáb. (12), às 22h, no Tom Brasil, r. Bragança Paulista, 1.281, tel. (11) 4003-1212. De R$ 120 a R$ 400 em ingressorapido.com.br; 14 anos (menores de 14 com responsáveis).

Em Florianópolis, dom (13), às 20h, Parador 12, Servidão José Cardoso de Oliveira, s/nº, tel. (48) 3284-8156. De R$ 80 a $ 250 em ingressorapido.com.br. 18 anos.

Em Porto Alegre, ter (15), às 21h, no Auditório Araújo Viana, av. Osvaldo Aranha, 685, tel. (51) 3268-6664. De R$ 65 a R$ 90 a R$ 220 em uhuu.com. Livre (menores de 14 com responsáveis).

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