Designer de móveis Sergio Rodrigues ganha retrospectiva

Itaú Cultural dedica três andares ao arquiteto responsável por imprimir a identidade brasileira na movelaria

Isabella Menon
São Paulo

Sergio Rodrigues já foi descrito por um jornal alemão como uma “criança que a mãe deixou que se vestisse como quisesse”. Ele costumava mesclar suspensórios azuis com meias vermelhas.


Arquiteto e designer de inconfundível bigode, Rodrigues (1927-2014) também levava o bom humor e a jovialidade às suas criações, caso da icônica poltrona Mole, que o projetou internacionalmente. 
“Ele tinha um estilo bonachão, mas foi um homem extremamente inteligente”, dizFernando Mendes, presidente do Instituto Sergio Rodrigues. 


Filho do pintor Roberto Rodrigues e sobrinho do dramaturgo Nelson Rodrigues, o designer carioca ganha retrospectiva de sua vida e carreira na exposição “Ser Estar - Sergio Rodrigues”, que entra em cartaz no Itaú Cultural a partir deste sábado (9).


O arquiteto criou móveis que são considerados exemplos de brasilidade, em especial por romper com os padrões europeus que eram copiados na indústria moveleira nacional até a década de 1940.


Peças suas foram projetadas para o Congresso Nacional, em 1958, e para o Ministério da Relações Exteriores, em Brasília, em 1960, além da embaixada brasileira em Roma.


Para Mendes, o arquiteto colocou o design nacional no circuito internacional porque compreendia que o brasileiro “é um povo descontraído, de misturar, que criou um jeito próprio de ser, por se tratar de uma nação recente”. 


O presidente do instituto relembra que o arquiteto não seguia tendências. Rodrigues costumava dizer que era “um pouco barroco”, por causa dos adornos e do excesso de detalhes. “Ele compreendeu que as pessoas não têm uma natureza simples e apostava na complexidade humana.”

Na exposição, que ocupa três andares do centro cultural, estão expostos 63 móveis —em 60 anos de carreira, estima-se que ele tenha desenhado mais de 1.200 itens. 


Em outro andar, uma retrospectiva da sua vida, com fotografias e móveis dos seus contemporâneos, como Lina Bo Bardi e Geraldo de Barros. 


Outro pavimento é dedicado às construções arquitetônicas de Rodrigues. Nele, os visitantes poderão experimentar algumas poltronas que foram desenhadas pelo arquiteto. 


Criador do modelo pré-fabricado, que ele rotulou como “SR2”, as estruturas de uma casa chegam já prontas para a instalação, uma maquete em tamanho real reproduz parte de um de seus projetos . 


Na mostra, fotos, vídeos e croquis de estudos de móveis e plantas também são expostos. “Ele se atentava aos detalhes de um espaço, mesmo que se tratasse de uma planta, ele desenhava até gestos das pessoas”, diz  Mendes. 


Ser Estar - Sergio Rodrigues 
A partir deste sábado (9), às 11h, até 5/8. Ter. a sex.: 9h às 20h, sáb., dom. e feriados: 11h às 20h, no Itaú Cultural, av. Paulista,149. Grátis.

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