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Separação dos Beatles chocava o mundo há meio século

Embora fãs apontem Yoko Ono como pivô, fim do grupo foi consequência de desgastes

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São Paulo

Paul McCartney anunciou sua saída dos Beatles no dia 10 de abril de 1970. O impacto do fim do grupo mais relevante da história do rock foi forte para milhões de fãs pelo planeta. Embora tenha sido uma surpresa na época, essa decisão é vista 50 anos depois como decorrência de um desgaste natural.

Na intimidade, o quarteto já tinha terminado antes. Em setembro de 1969, John Lennon disse aos colegas que sairia.

Ele guardou segredo para não afetar as vendas do disco “Abbey Road”, que seria lançado uma semana depois, e de mais um LP que estavam concluindo —no caso, “Let It Be”, que chegaria às lojas em maio de 1970, após a separação.

A expressão “o sonho acabou” é sempre associada ao fim da banda. É de um verso de “God”, do álbum solo que Lennon lançou no mesmo ano.

Para o grande público, o único elemento novo na banda era a influência de Yoko Ono, segunda mulher de Lennon. Os dois já haviam lançado três álbuns experimentais, assinados como John & Yoko, em 1968 e 1969. São gravações de vanguarda, longe do formato de canção dos Beatles.

Em dezembro do mesmo ano, foi a vez de “Live Peace in Toronto 1969”. O álbum foi creditado à Plastic Ono Band, grupo do casal e que tinha Eric Clapton. Entrou para a história como o primeiro show de um beatle sem seus companheiros desde a formação da banda.

Com isso, fãs associaram o fim à influência de Ono. Contribuiu muito a rejeição a ela pelos parceiros, desde as gravações do “White Album”, em 1968 —sentimento que veio da amizade deles com Cynthia Powell, primeira mulher de Lennon e mãe de seu filho, Julian.

McCartney inclusive escreveu “Hey Jude” para o menino.

Se Lennon dava sinais de que sua união com Ono o levaria para novos caminhos, McCartney logo produziu uma resposta. Seu primeiro álbum solo, “McCartney”, acabou sendo lançado no dia 17 de abril, antes mesmo de “Let It Be”.

Segundo biógrafos, porém, o mais ansioso pelo fim do grupo era George Harrison. Ele tinha muitas canções autorais represadas, já que a dupla Lennon e McCartney dominava o repertório. Tanto que, após a separação, lançou em novembro de 1970 um disco triplo, “All Things Must Pass”.

Para entender a separação, é preciso lembrar também que o ano de 1969 foi traumático.

Em janeiro, o quarteto criou e gravou canções para um projeto que deveria ser lançado num filme documental, “Beatles at Work”. Não deu certo. O ambiente estava péssimo. Lennon chamou aquelas de sessões de “o inferno na Terra”. Harrison sumiu por cinco dias, enfurecido com os colegas. Tudo acabou arquivado.

Em fevereiro, começaram a gravar “Abbey Road”, também em clima ruim. A última vez em que estiveram juntos num estúdio foi em agosto de 1969.

Depois de lançarem “Abbey Road”, retomaram as gravações feitas em janeiro, na pós-produção de um disco que teria o título “Get Back”, depois mudado para “Let It Be”. O trabalho no estúdio terminou em 10 de janeiro, quando McCartney, Harrison e Ringo Starr finalizaram “I Me Mine”.

Com os Beatles desunidos em meio a discussões legais dentro da Apple, a gravadora da banda, as fitas originais foram mandadas para o produtor americano Phil Spector, que modificou algumas faixas. McCartney detestou, mas foi voto vencido. Ele teve de engolir, por exemplo, “The Long and Winding Road” com coral e orquestra que não tinha imaginado para a canção.

A separação judicial do grupo levou tempo. Em 31 de dezembro de 1970, McCartney entrou com uma ação para a dissolução da parceria musical. O processo duraria quatro anos, até 29 de dezembro de 1974, quando Lennon assinou a papelada num resort da Disney, na Flórida, onde passava férias.

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