Descrição de chapéu
Televisão Maratona

'Schmigadoon!' agrada aos fãs de musical, mas deve irritar quem odeia

Série do Apple TV+ se passa em cidade que vive como em um espetáculo da Broadway dos anos 1940

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Schmigadoon!

  • Onde Disponível no Apple TV+
  • Elenco Keegan-Michael Key, Cecily Strong e Alan Cumming
  • Produção EUA, 2021
  • Criação Ken Daurio e Cinco Paul

"Schmigadoon!" é um daqueles programas que uma parte dos telespectadores —a maior parte, suspeito— vai achar insuportável. Um outro pedaço do público não vai nem ver para tirar sua própria conclusão. E uma fatia dos telespectadores, uma fatia menor e bem específica, povoada por gente com algum conhecimento e um grande interesse pelos musicais da Broadway, vai adorar.

Só de explicar a trama central, bem simples, aposto que essa resenha já vai fazer alguns abandonarem a leitura e outros correrem para saber mais sobre a minissérie de seis episódios, de mais ou menos 30 minutos cada um, que já tem três disponíveis (os que foram vistos para embasar esta resenha) e terá um novo a cada sexta-feira, pelas próximas três semanas.

Um casal de médicos, interpretados pelos incríveis atores e comediantes Cecily Strong (indicada duas vezes ao Emmy por “Saturday Night Live”), no papel de Melissa, e Keegan-Michael Key (vencedor do Emmy por “Key and Peele”), como Josh, estão juntos há alguns anos e começam a perceber os primeiros sinais de desgaste no relacionamento. Então decidem fazer um retiro de casais para se reconectar um ao outro.

Mas os dois se perdem do grupo e chegam a uma cidade mágica, chamada Schmigadoon, que vive como se estivesse em um musical da Broadway dos anos 1940. E logo descobrem que não conseguem sair de lá até encontrarem o amor verdadeiro, como informa um duende, interpretado por Martin Short, sem dar mais detalhes a respeito de como podem comprovar a veracidade do sentimento.

Todo o cenário é propositadamente falso, as personagens são quase todas arquetípicas, os figurinos são óbvios, os diálogos são impraticáveis de tão inocentes e qualquer coisinha vira gancho para o elenco inteiro se jogar em um número musical, com canções e coreografias originais, mas não das melhores. Da chegada dos “turistas” à dúvida de Melissa a respeito de um prato típico sugerido pela garçonete, tudo vira motivo de dança e cantoria. Para surpresa de Melissa, que se diverte cada vez que começa a ouvir os primeiros acordes, e horror de Josh, que tem ódio do gênero.

Mas aquela fatia do público que se interessa pelo tema —e não abandonou a resenha até aqui— já deve ter desvendado o golpe de mestre dos criadores de “Schmigaddon!”, Cinco Paul e Ken Dario —da série de filmes “Meu Malvado Favorito”, cujo quarto longa-metragem foi anunciado recentemente. Tudo nesse roteiro faz referência ou é uma piada interna relacionada aos musicais da Broadway. Uma curiosidade –todos os seis episódios são dirigidos por Barry Sonnenfeld, de “Homens de Preto” e “A Família Adams”, que já declarou que odeia musicais.

A começar pelo título, uma versão apatetada de “Brigadoon”, um musical dos anos 1940, escrito pelo americano Alan Jay Lerner, com músicas do alemão Frederick Loewe, em que um casal de turistas americanos encontra, por acidente, uma cidadezinha perdida na Escócia que só aparece uma vez a cada cem anos.

O elenco, aliás, é repleto de estrelas da Broadway, como Aaron Tveit como Danny Bailey, o solteirão perigoso da cidade, Ariana DeBose no papel de Emma, a diretora da escola, e Jaime Camil como o enigmático Dr. Lopez, além de algumas também conhecidas por trabalhos na TV, como Kristin Chenoweth (a April Rhodes, de “Glee”) e Jane Krakowski (a Jena Maroney de “30 Rock”). Fred Armisen, de “Saturday Night Live” e “Portlandia”, diverte como o reverendo Layton, e Alan Cumming, de “X-Men 2”, está divino como o prefeito da cidade, o senhor Menlove, obviamente gay mas eternamente no armário.

“Schmigaddon!” também faz piada com os estereótipos comuns à época —e alguns que insistem em se arrastar até hoje— como os papéis femininos superficiais, em que as personagens só existiam para dar função aos homens da história. Até a reação de Melissa e Josh faz referência à tradicional preferência das mulheres em relação aos musicais, em oposição ao clássico horror dos homens, principalmente os heterossexuais.

Resumo da ópera –para se posicionar em relação a “Schmigaddon!” sem correr o risco de se irritar profundamente no percurso, você vai ter que ser sincero a respeito de seus gostos e suas preferências. Quem ama de verdade amará.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.