Feira, parceria e rede social ajudam novas empresas a atrair consumidor

Velho boca a boca também entra na estratégia inicial de conquista do cliente

Danylo Martins
São Paulo

Para conquistar os primeiros clientes, os empreendedores apostam em ações nas redes sociais, parcerias com outras marcas, participação em eventos do setor e, claro, o bom e velho boca a boca.

O engenheiro da computação Marlon Souza, 45, fez um trabalho de formiguinha quando fundou a startup de educação infantil Playmove, em 2013, em Blumenau (SC).

Visitou restaurantes, hotéis e consultórios para mostrar as vantagens que a tecnologia —mesa digital interativa e multidisciplinar com jogos educativos para crianças— poderia trazer para esses estabelecimentos.

A partir do segundo ano, a startup entrou no setor de educação, o que foi um desafio ainda maior para atrair consumidores. Na época, a empresa desenvolveu uma estratégia de inbound marketing (marketing de atração).

A presença em feiras também ajudou a atrair clientes. “Também conseguimos ter uma visibilidade forte com gestores municipais de educação e prefeitos, que era um público de interesse”, diz.

Hoje, a startup atende mais de mil instituições de ensino, 300 mil alunos e já vendeu 30 mil licenças de jogos. A previsão é fechar o ano com faturamento de R$ 8 milhões, alta de 50% em relação a 2017.

O engenheiro da computação Marlon Souza, fundador da startup de educação infantil Playmove
O engenheiro da computação Marlon Souza, fundador da startup de educação infantil Playmove - Karime Xavier/Folhapress

O administrador Paulo Futami, 38, aposta no boca a boca para atrair clientes ao recém-criado Urban Cowork Airport, espaço de coworking inaugurado em dezembro dentro do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

“Quem melhor para dar indicações aos passageiros do que os funcionários do aeroporto? Estamos convidando essas pessoas para conhecer o espaço. Em três dias, recebemos 130 colaboradores”, diz.

O ambiente tem 350 metros quadrados com salas de reunião, escritório comercial e espaço para eventos corporativos. O Urban também oferecerá mentoria empresarial —serviço trazido do primeiro coworking, criado por ele em 2015 em Guarulhos.

Na época, para atrair e fidelizar clientes, Paulo fez parceria com professores para oferecer mentoria para criação de sites, logomarcas e empreendedorismo. Atualmente, o espaço conta com 50 profissionais residentes e deve faturar R$ 900 mil neste ano, um incremento de 80% em relação a 2017.

Criada em 2009, a Vai Voando, agência de viagens aéreas focada no público de baixa renda, enfrentou dificuldades para atingir os clientes, como não entendimento e desconfiança da proposta e uma cultura que não incluía viajar de avião.

“Fomos para as comunidades. Colocamos um quiosque na União de Moradores de Heliópolis, na Associação de Moradores de Paraisópolis, e depois em São Cristóvão, no Rio, além da Baixada Fluminense”, conta o publicitário Luiz Andreaza, 37, diretor de estratégias e operações.

A empresa também passou a ter revendedores. Ao todo, são 350 parceiros ativos espalhados pelo Brasil. Com receita de R$ 1 milhão no primeiro ano de operação, a Vai Voando cresceu. Em 2018, espera faturar R$ 76 milhões.

A parceria com marcas foi uma das principais estratégias utilizadas pela Chippers quando o administrador Maurício Pinheiro Paiva, 52, se associou ao fast food de batatas fritas e assadas, em 2017.

“Passei meses negociando com a Heineken para nos cederem a chopeira deles. Entramos no nicho dos shakes e testamos receitas buscando associação a marcas de renome, entre elas, Leite Moça, Nutella, Ovo Maltine e Oreo”, diz.

A empresa também participa de eventos gastronômicos para atrair novos públicos e patrocina eventos de celebridades. As fotos alimentam o perfil no Instagram e a TV da loja na região da avenida Paulista, inaugurada em outubro.

As estratégias renderam à Chippers uma elevação do faturamento de R$ 700 mil em 2017 para R$ 840 mil neste ano. Para 2019, o plano é expandir o negócio via franquias.

Segundo Luiz Felipe Navarro, consultor de marketing do Sebrae-SP, um dos principais erros quando a empresa é criada é a falta de foco. “Os empreendedores acabam não sabendo para quem vender.

Competem por preços e esquecem de identificar necessidades de mercado”, afirma.

Para empreendimentos com pouco dinheiro para ações de marketing, o consultor recomenda utilizar as redes sociais. É importante saber de onde estão vindo os primeiros clientes. 

“Assim, a empresa consegue definir quais ferramentas de divulgação estão dando resultado para continuar investindo nesses canais”, diz Navarro.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.